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Comentário: um parecer deveria ser pedido previamente às empresas americanas em Hong Kong

Fonte: Diário do Povo Online    04.06.2020 14h20

 

De tempos a tempos o bordão das “sanções” é usado pelos políticos americanos no seu jogo hegemônico. Recentemente, para interferirem com a lei de segurança nacional prevista para Hong Kong, o governo americano anunciou que implementaria medidas sancionatórias contra Hong Kong. Para seu desagrado, essa carta não é capaz abalar a China. Pelo contrário, o feitiço pode vir a se virar contra o feiticeiro.

A medida unilateral estadunidense de deixar de reconhecer Hong Kong como um centro alfandegário independente terá, certamente, impacto na economia local, mas as perdas enfrentadas pelos EUA não serão, de todo, pequenas.

No fim de contas, os EUA conseguiram vários benefícios em Hong Kong. O total de produtos de Hong Kong exportados para os EUA é de apenas 500 milhões de dólares anuais, perfazendo menos de 0.1% do total das exportações.

Obviamente, o comércio externo de Hong Kong não depende apenas dos EUA.

Pelo contrário, os EUA têm uma receita de $30 bilhões anuais de Hong Kong. Existem mais de 1,300 empresas americanas operando em Hong Kong. Estas 1,300 empresas desfrutam também das mesmas políticas preferenciais para Hong Kong entrar na parte continental da China sob o CEPA (Acordo de Proximidade de Parceria Econômica entre a parte continental e Hong Kong). Se o governo americano aplicar as sanções, seria melhor perguntar primeiro a estas empresas estadunidenses em Hong Kong se o deveriam fazer. Além disso, existem 85,000 cidadãos americanos residindo em Hong

Se o “estatuto especial” de Hong Kong for revogado, as empresas referidas irão, inevitavelmente, sofrer fortes perdas. Como se não bastasse, Hong Kong é também o terceiro maior mercado de bebidas alcoólicas dos EUA, o quarto maior mercado de exportações de carne de bovino e o sétimo maior de produtos agrícolas. A mudança unilateral dos EUA com Hong Kong sairá mais cara às empresas americanas. Tal como referido na Comissão Nacional de Comércio EUA-China, tudo isto “irá causar danos irreversíveis aos interesses comerciais globais dos EUA”.

Em suma, num mundo de globalização econômica, tentativas de atacar outros serão inevitavelmente contraproducentes.

Além disso, as políticas preferenciais, como a Zona Alfandegária Independente de Hong Kong, são determinadas pela OMS e protegidas por acordos internacionais favoráveis ao comércio multilateral, sendo que nenhum país pode removê-los unilateralmente.

Mesmo que os EUA cessem o “tratamento especial” atribuído a Hong Kong, será o próprio país a comprometer suas empresas. Isto não só fará com que as empresas ocidentais, incluindo as americanas, abandonem os futuros proventos do mercado de Hong Kong, como será também descartado todo o investimento realizado no passado, algo severamente danoso para seus interesses comerciais.

Além disso, as instituições financeiras americanas irão também perder a oportunidade de participar do futuro crescimento econômico chinês, cujas consequências deverão comprometer seus interesses. As empresas americanas, negócios de Wall Street e tubarões financeiros poderão ser excluídos e irão pagar pela sua arrogância em benefício de alguns políticos americanos.

Tal como indicam os analistas, enquanto o estatuto da Ásia-Pacífico no mundo e a importância do desenvolvimento econômico mundial continuar, enquanto o papel da China no mundo permanecer importante, então, certamente, o impacto de quaisquer sanções estadunidenses em Hong Kong será de curto prazo.

Recentemente, a NetEase e a JD.com foram aprovadas para uma listagem secundária em Hong Kong e notícias de que a Baidu, Ctrip, etc, foram lançadas em Hong Kong estão também circulando. Pode se dizer que diferentes talentos e capitais em todo o mundo estão ainda considerando Hong Kong como uma plataforma, sendo que o abandono dos EUA significará que, em breve, será substituído por capital, empresas e talentos da parte continental da China e outros países. Será muito difícil voltar no futuro e será ainda mais custoso.

Sucintamente, o desenvolvimento de qualquer lugar acaba sendo determinado por “causas internas”. Tal como disse um empreendedor estrangeiro que viveu em Hong Kong por vários anos, o maior risco para expatriados e empresas estrangeiras saírem de Hong Kong não se prende com a lei de segurança nacional, mas com a violência e instabilidade social. A lei não afetará o estatuto de Hong Kong como centro financeiro internacional, mas servirá o propósito de manter um ambiente mais estável e previsível para a operação e desenvolvimento de empresas de vários países em Hong Kong.

Eu acredito que as empresas americanas em Hong Kong conseguem ver com maior clarividência. No fim de contas, ninguém quer estar contra as tendências, nem contra a principal tendência. Ninguém deverá estar relutante em perder anos de ganhos e um futuro melhor para benefício de alguns políticos. 

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