Em resposta à decisão da China de selar Wuhan e outras áreas mais afetadas pelo coronavírus, o Instituto de Estudos Internacionais de Shanghai emitiu um relatório em Janeiro, enfatizando que embora tais medidas possam originar consequências e riscos imprevistos, são ainda as opções mais eficientes para conter uma epidemia, especialmente enquanto não existem curas ou vacinas específicas.
De acordo com o relatório, as provas médicas disponíveis revelam que os humanos, independentemente do gênero, idade, ou raça, todos são suscetíveis ao contágio. Assim sendo, na falta de uma cura específica, o isolamento e a quarentena são, em larga medida, os meios mais eficientes de resposta disponíveis.
A imposição sem precedentes de uma total quarentena em Wuhan, a origem do surto, reflete a dedicação da China. Desde a imposição da quarentena, o número de casos confirmados em todas a regiões do país passou a ser manifestamente inferior ao epicentro, na província de Hubei.
Wuhan é a única cidade com maior concentração de infeções. De todos os casos confirmados fora da província de Hubei, a maioria dos pacientes esteve em Wuhan ou em outros locais daquela província recentemente. Os restantes terão estado em contato próximo com os casos supramencionados.
Até à data, não foi verificado nenhum novo epicentro. Com base nos fatos, o relatório conclui que o controlo rígido sobre as migrações da população em Hubei é um meio eficiente de conter o contágio do vírus.
Atualmente, vários alertas de emergência de alto nível foram ativados em toda a China e medidas de saúde pública para identificar, diagnosticar e isolar infeções ou casos suspeitos tão cedo quanto possível estão em vigor.
Enquanto isso, as férias do ano novo lunar foram ampliadas para vigiar a migração nacional de população. Os viajantes provenientes de Wuhan e outras áreas afetadas foram instados a reportar as viagens realizadas e a ficar de quarentena por duas semanas para prevenir novos contágios.
Os alegados 5 milhões de habitantes que saíram de Wuhan antes da quarentena, não se tratam de pessoas que fugiram em pânico, mas de trabalhadores migrantes, que regressavam às suas terras-natais para estar com a família, ou viajantes de férias.
O relatório realçou também que, se o governo chinês não tivesse levado a cabo tais esforços determinados para colocar de quarentena as regiões com elevada concentração de casos confirmados, o vírus ter-se-ia alastrado a todo o mundo, gerando um impacto devastador na economia global e nos sistemas de saúde pública.
Com base em análises credíveis, a elevada concentração de redes de transporte global podem permitir que doenças contagiosas se espalhem de pequenas vilas em recantos do mundo para cidades populosas nos 6 continentes em menos de 36 horas, desencadeando surtos epidêmicos.
Todavia, na China, a 30 de janeiro de 2020, mais de um mês depois do primeiro caso confirmado e 8 dias após a quarentena imposta em Wuhan, foram registrados 18 países e 98 pessoas infetadas, de acordo com um relatório da OMS.
Segundo palavras do diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesuson, em conferência de imprensa a 30 de janeiro, “o governo chinês deve ser congratulado pelas medidas extraordinárias que tomou para conter o surto, apesar do profundo impacto social e econômico que essas mesmas medidas tiveram sobre o povo chinês”.