Beijing, 3 dez (Xinhua) -- Paleontólogos do mundo inteiro se reuniram em Beijing na segunda-feira para comemorar os 90 anos da descoberta do primeiro crânio do Homem de Pequim, um tipo de Homo erectus que há 700 mil anos vivia nos arredores de onde hoje é Beijing.
Quase 200 estudiosos chineses e estrangeiros participaram do simpósio internacional de paleoantropologia para compartilhar as últimas descobertas e impulsionar a pesquisa sobre a origem e evolução do ser humano.
O primeiro crânio do Homem de Pequim foi descoberto pelo arqueólogo chinês Pei Wenzhong em dezembro de 1929 no Local 1, ou seja o Sítio do Homem de Pequim, um dos quatro sítios na vila de Zhoukoudian, nos arredores do distrito de Fangshan, onde foram encontrados os fósseis dos seres humanos antigos.
Cientistas descobriram que pertencia a mais de 40 indivíduos o grande conjunto de fósseis, incluindo seis crânios, desenterrado no Local 1 durante a segunda e terceira década do século XX. Quase todos os fósseis desapareceram durante a Segunda Guerra Mundial.
Nos últimos 90 anos, mais fósseis do ser humano antigo que remonta ao Pleistoceno (de 2,9 milhões a 11,7 mil anos atrás) foram descobertos em mais de 70 sítios em toda a China, disse no simpósio Wu Xiujie, pesquisadora do Instituto de Paleontologia e Paleoantropologia de Vertebrados (IVPP, em inglês), da Academia Chinesa de Ciências.
Wu afirmou que os últimos estudos nos sítios de Zhoukoudian mostraram que o Homo erectus no Extremo Oriente e o Homo africano podem ser agrupados como mesma espécie devido às características semelhantes deles.
É possível que vários tipos de Homo erectus tenham existido na China no fim do Pleistoceno Médio com diferentes características físicas e uma grande variação interna, disse ela.
"A descoberta do fóssil do Homem de Pequim indicou a existência do Homo erectus, o que foi um salto gigantesco na pesquisa da evolução humana naquele tempo", disse Gao Xing, um pesquisador do IVPP.
Gao e outros estudiosos estão procurando pistas sobre os fósseis desaparecidos na China e no estrangeiro, mas não encontraram nenhuma. "Enquanto houver esperança, não pouparemos esforços para procurá-los", disse ele.
"Zhoukoudian não apenas é uma relíquia para os visitantes lembrarem, mas também é uma base de pesquisa cheia de vitalidade acadêmica", disse Gao. "Mais escavações e estudos no local estão sendo realizados."
Em 1987 o sítio foi listado como patrimônio mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).
"Zhoukoudian é mais do que um lugar onde encontramos fósseis humanos", disse John W. Olsen, da Universidade do Arizona, acrescentando que o legado é de grande importância pela "perspectiva interdisciplinar, colaboração internacional de longo prazo e orientação paleoantropológica integrada".