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China e Brasil: Embaixador brasileiro na China fala sobre os 45 anos de complementaridade (3)

Fonte: Diário do Povo Online    22.08.2019 10h42
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DPO: O brasileiro Giorgio Sinedino traduziu os “Analectos” de Confúcio para o português há alguns anos. Isto tem promovido a compreensão entre o povo chinês e brasileiro. Qual é o comentário do Embaixador sobre esta interação (cultural)?

Embaixador: Este foi um trabalho extraordinário porque o Confúcio, tem um grande renome no Brasil, por outro lado, a difusão propriamente dita dos Analectos ainda fica muito aquém do que seria desejado. É claro que eles não são de absorção imediata numa cultura tão diferente comparada com a cultura brasileira. Mas a questão da tradução de obras tão fundamentais como os analectos são, me parece, uma contribuição muito grande para essa aproximação. A existência dos institutos e o interesse dos brasileiros pelo aprendizado do mandarim certamente vai aumentar a procura pelos grandes clássicos chineses no Brasil.

A expansão que aconteceu nos últimos anos na projeção da China no mundo está tendo, inevitavelmente, uma repercussão na área cultural e nós esperamos que isso continue. Nós temos também buscado promover a tradução de algumas obras de brasileiros para o chinês e esse é um desses trabalhos que requer apoio governamental e o qual nós esperamos dedicar mais atenção.

DPO: Há dez anos atrás estudar mandarim no Brasil não era tarefa fácil. Esse cenário já foi modificado ou ainda é difícil encontrar cursos particulares ou desenvolvidos pelo governo para que o brasileiro possa estudar ou ter conhecimento do chinês?

Embaixador: Numa avaliação subjetiva, eu tenho a impressão de que já é bem mais fácil encontrar professores de chinês em cidades brasileiras. Além desses Institutos Confúcio, que já são 11 no Brasil, pela última conta que eu vi.

O fato é que, também através da internet, se tornou muito mais fácil hoje em dia encontrar um professor que pode dar aulas por meio eletrônico. Uma área na qual eu acho que nós precisamos dar uma certa atenção é na questão da facilidade para acesso a filmes e a programas de televisão nos dois países, pois ajudará muito as pessoas que estão buscando aprender a língua do outro país.

DPO: Então a partir da proposta do governo de estar inserindo festivais de cinema, há a intenção também de inserir filmes chineses no cinema brasileiro?

Embaixador: Sem dúvida. Existe um esforço grande por parte do governo brasileiro para facilitar isso e a embaixada do Brasil em Beijing tem realizado um programa, que tem aumentado bastante de dimensão nos últimos dois ou três anos, para a difusão do cinema brasileiro aqui na China, mas também tem havido um esforço chinês para uma participação equivalente em cinemas brasileiros.

A realização de festival de cinema como o dos BRICS, por exemplo, força e também propicia um contato maior entre as agências de difusão do cinema dos dois países, num esforço de apoio recíproco tem sido possível um desenvolvimento. Ainda é uma difusão limitada, mas por outro lado, comparado com o que havia há cinco ou dez anos atrás, pode-se ver alguns resultados sendo alcançados, e nós esperamos que isso se multiplique no futuro.

DPO: O Brasil e a China possuem costumes diversificados, o mesmo vale para a alimentação. Muitos são os brasileiros que não se adaptam. Quando o Sr chegou na China teve dificuldade para se adaptar ao paladar chinês? Quais são os seus pratos preferidos?

Embaixador: Existe uma certa cozinha chinesa de origem cantonesa que está difundida pelo mundo, a qual eu sempre apreciei, e que reencontrei aqui com muita satisfação. A diferença de paladar é importante, mas o fato de que o brasileiro tem o hábito de comer arroz todos os dias facilita, não necessariamente no norte da China, mas é algo que eu como com muito prazer.

A variedade de cozinha, e de pratos, e de paladares chineses faz com que, na minha opinião, seja relativamente fácil para o estrangeiros encontrar pratos adequados ao seu paladar. Não se trata necessariamente de apreciar toda a cozinha chinesa, mas não vejo dificuldade em encontrar pratos que se combinam muito bem com o meu paladar. Além do mais, existem alguns clássicos, como o Pato de Pequim, que se tornaram pratos de grande renome no mundo. Eu tenho sido um grande cliente disso porque todos os visitantes brasileiros que eu recebo aqui fazem questão de comer o Pato de Pequim, então eu já perdi a conta do número de vezes em que eu comi isso.

DPO: Este ano marca o 70º aniversário da fundação da nova China. Quais votos o Sr Embaixador gostaria de transmitir aos internautas chineses que acompanham o Diário do Povo Online?

Embaixador: O processo de transformação da China nos últimos 70 anos é algo que gera muita admiração e interesse no mundo. A China é uma das mais antigas civilizações e demonstrou, ao longo desses últimos 70 anos, ser capaz de se reinventar, sobre uma base que é muito impressionante, a mais antiga civilização ainda em existência e que está se tornando um país do século 21.

A China é um dos países mais dinâmicos em matéria de economia, mas também ciência, tecnologia e inovação e tem construindo uma sociedade capaz de atender aos anseios do seu povo. Vejo isso com grande adimiração e o meu desejo é que a China continue progredindo, demonstrando a sua capacidade de aliar uma apreciação de uma tradição de uma cultura milenar com um mundo que se moderniza e que se transforma. E eu tenho a confiança de que os chineses serão capazes de fazer isso. Então os meus votos são de felicidade, prosperidade e muita sorte para o povo chinês nos próximos anos. 


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