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China e Brasil: Embaixador brasileiro na China fala sobre os 45 anos de complementaridade (2)

Fonte: Diário do Povo Online    22.08.2019 10h42
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DPO: O Ministro das Relações Exteriores Wang Yi visitou o Brasil recentemente e realizou um diálogo ministerial com o Ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo. Como o Sr. Embaixador avalia o papel deste mecanismo de diálogo nas relações Sino-brasileiras?

Embaixador: Esse é um dos principais mecanismos de diálogo, porque ele reúne, com a regularidade possível, os dois ministros de relações exteriores que passam em revista não apenas os temas da agenda bilateral, que por si só é muito ampla e dinâmica, mas também temas globais e regionais, então, como eu disse, não é em todos os pontos em que nós temos convergências, mas os dois países se beneficiam de um debate franco no qual eles possam entender melhor a perspectiva e o porquê de que eventualmente existam diferenças de posição. Com isso é possível trabalhar para que os dois países maximizem as oportunidades no plano bilateral, mas que também dê uma contribuição mais efetiva e mais produtivas, de forma multilateral e abrangendo também algumas questões regionais.

DPO: O Brasil, de maneira rotativa, foi escolhido para presidir os encontros de cooperação do BRICS este ano. A reunião dos líderes do BRICS será realizada no Brasil em novembro. Qual é a sua opinião sobre as realizações e perspectivas da cooperação do BRICS?

Embaixador: O BRICS está entrando agora na segunda década, já são 10 anos nos quais um grupo de países, que representa uma parcela muito significativa do território da população e da economia mundial, tem buscado uma aproximação maior e direta. Ao trabalhar conjuntamente eles aprendem com as experiências uns dos outros e obtem um conhecimento mútuo melhor, e isso tem se refletido no crescimento do comércio e também na cooperação em uma série de áreas.

Quando a China teve a presidência dos BRICS em 2017 elegeu a cultura como uma área prioritária. E nesse momento a realização, por exemplo, de co-produções na área de cinema, realização de um festival de cinema, propiciou aos chineses, o conhecimento de filmes dos demais países. Sendo que o filme brasileiro, “Nise - O coração da Loucura”, foi exibido no circuito comercial pela primeira vez, o que nos deixou muito felizes e que, na nossa opinião, gera possibilidades muito positivas para o futuro.

No caso da presidência brasileira, tem se dado muita atenção às questões de inovação e de ciência e tecnologia, que são áreas também nas quais esses países que, enfrentam por um lado grandes problemas, mas por outro lado também já desenvolveram uma certa capacidade de enfrentá-los, trabalhando juntos produzem resultados muito bons.

Então o BRICS é uma plataforma que trabalha com grande flexibilidade, tendo já demonstrado resultados muito significativos, e que nós estamos muito felizes de estar sediando este ano.

DPO: O vice-presidente do Brasil, Mourão, realizou uma visita bem sucedida à China em maio. Ele mencionou que o Brasil gostaria de se juntar à Iniciativa do "Cinturão e Rota". A China também demostrou as boa-vindas, qual deverá ser o próximo passo?Há alguma medida específica para selar o acordo no Brasil?

Embaixador: A iniciativa “Um cinturão e uma Rota” é algo que gera muito interesse no mundo inteiro, é uma iniciativa quem se destaca pela sua ambição, pela sua projeção e que o Brasil vem acompanhando com enorme interesse. De nossa parte, o que vemos é que pode haver uma convergência de interesses em relação, sobretudo, a projetos de interesse dos dois países. Na área de infraestrutura e na área de conectividade existe um espaço para trabalho conjunto e para identificação de oportunidades e apoio a projetos nessas áreas.

Da nossa perspectiva a melhor maneira de realizar essa convergência, ou essa aproximação, ou essa participação nessa iniciativa é através da identificação de projetos concretos. Já existem vários projetos de portos, ferrovias e rodovias no Brasil que contam com a participação de empresas chinesas. Nós acreditamos que a iniciativa de “um cinturão e uma rota” pode ser um complemento muito interessante, muito importante para os projetos existentes, que estão em concurso no Brasil para desenvolvimento de infraestrutura.

A área de infraestrutura é mais uma dessas áreas em que existe, a meu ver, uma convergência de interesses entre Brasil e China, onde nós temos que trabalhar para gerar resultados concretos benéficos para os dois países.

DPO: Existem agora mais de quarenta universidades na China oferecendo cursos de português, e cada vez mais estudantes brasileiros estão aprendendo chinês. Na sua opinião qual o papel dos intercâmbios culturais no desempenho do desenvolvimento das relações bilaterais?

Embaixador: Isso é um aspecto fundamental, como eu disse, na área econômica, comercial principalmente, o relacionamento se desenvolveu extraordinariamente e já adquiriu quase que uma dinâmica própria, embora os governos possam apoiar e ajudar.

A verdade é que os agentes econômicos já se conhecem e já estão fazendo muita coisa. Agora, dada a distância entre o Brasil e a China é importante que haja um apoio dos governos. Existe muita simpatia mútua entre o povo chinês e o povo brasileiro, existe interesse pelo aprendizado do mandarim no Brasil e pelo aprendizado do português na China, mas é importante que isso seja acompanhado, que haja um apoio para que professores e estudantes possam viajar entre os dois países, para que haja um fluxo maior de turista e para que haja também co-produções na área de televisão.

A televisão é um vetor muito importante de aprendizado da língua, sobretudo dada a distância, então essas são áreas das quais nós temos trabalhado com o governo chinês para identificar oportunidades para realizar acordos que apoiem isso.


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