Uso de dispositivos eletrônicos em tarefas escolares alvo de polêmica

Fonte: Diário do Povo Online    14.11.2018 14h12

TIANJIN, 14 de nov (Diário do Povo Online) - Numa noite de quinta-feira, Zhang Yu, um estudante da quinta série em Tianjin, prepara-se para fazer os trabalhos de casa de matemática.

Ele tem que usar o celular da mãe para fazer as tarefas, porque os três problemas de geometria foram manuscritos pelo professor em um pedaço de papel, depois fotografados e postados em um grupo acessível apenas a pais e professores no WeChat.

Xing Huan, mãe de Zhang, não é fã deste sistema.

"Uma vez, o meu marido e eu tivemos que trabalhar horas extra e não conseguimos voltar para casa a tempo. Tive que pedir a um amigo para ir à minha casa e mostrar ao meu filho os deveres de casa", disse.

"Ele tem apenas 11 anos e eu não quero comprar um celular para ele. Mas se tornou inevitável agora", acrescentou. "Eu também me preocupo com a visão do meu filho".

O Ministério da Educação e sete outros departamentos publicaram uma diretriz em agosto para proteger a visão dos alunos, restringindo o uso de dispositivos eletrônicos para atribuir tarefas escolares.

Mas muitas escolas, incluindo a de Zhang, dependem muito do WeChat e de outros aplicativos móveis para dar tarefas.

Além do WeChat, os professores também atribuem os trabalhos de casa que devem ser feitos através de um determinado aplicativo para celular. Tan Yi, professor de matemática da Escola Secundária Tianjin Nankai, disse que a escola usou o “17zuoye” (Finishing Homework Together) por mais de três anos.

O aplicativo reúne professores, alunos e pais para comunicar as tarefas dos alunos, disse, acrescentando que permite que os alunos apresentem trabalhos na plataforma e que os pais possam acompanhar o progresso dos filhos.

Relatórios recentes da mídia revelam que alguns aplicativos de lições de casa continham jogos de vídeo e até mesmo conteúdo inadequado. Os pais temem também que o uso contínuo dos dispositivos eletrônicos afete a visão dos alunos e faça com que os seus filhos percam a destreza na escrita manual.

Mas os especialistas em educação não acham que simplesmente proibir o uso de aplicativos das lições de casa seja a melhor maneira de proteger a visão dos alunos.

Chu Zhaohui, um pesquisador sênior do Instituto Nacional de Ciências da Educação, disse que é bom que as escolas usem aplicativos para os trabalhos escolares, mas que a dependência exagerada não é boa para os estudantes.

"É preciso garantir que, além dos aplicativos, os alunos possam também concluir os seus trabalhos de casa da maneira habitual".

"Não queremos proibir os modelos de educação online, mas eles devem ser usados com cuidado. As tecnologias modernas são positivas, mas devem servir como ferramentas didáticas e não roubar o protagonismo dos livros convencionais", adicionou. 

(Web editor: Juliano Ma, editor)

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