Por Xu Xiaolei, Pan Lijun e Gao Pan
Washington, 28 ago (Xinhua) -- Um rolo de papel higiênico, uma bolsa de mulher e uma cola estão entre os itens que Hun Quach leva em uma cesta de compras para a audição do comitê americano sobre a imposição de tarifas adicionais sobre 200 bilhões de dólares americanos de produtos chineses.
Quach, vice-presidente de Comércio Internacional da Retail Industry Leaders Association (RILA), compareceu perante o comitê da Comissão Internacional de Comércio dos EUA para solicitar a remoção de mais de 650 linhas tarifárias da proposta.
A maioria das mercadorias é vendida em varejistas perto dos bairros americanos, como supermercados, farmácias, mercados e lojas de roupas. Quach está representando mais de 200 deles.
Sua maneira de persuadir é objetiva - conduzir o comitê pela "tarifa no dia a dia".
"O despertador toca quando você acorda para começar o dia. Suas costas doem. Precisa de um novo colchão? É melhor comprá-lo logo. Os colchões estão na lista tarifária da proposta 301. A 301 é um imposto sobre a cama", disse Quach.
Ela estava usando um jargão para se referir às tarifas, quando o governo dos EUA iniciou uma investigação sobre as práticas comerciais da China sob a Seção 301 da Lei de Comércio de 1974 que levou à proposta de tarifas.
"Você entra no banheiro. Tudo que você precisa para se preparar de manhã - de sabonete, maquiagem, barbeadores elétricos, acessórios e aparelhos para cabelo, até mesmo seu papel higiênico será atingido com a tarifa 301", ela prosseguiu.
Ela levantava os itens da cesta de compras enquanto falava.
Ela passou a falar sobre cadeiras de escritório e móveis, mochilas para crianças, material escolar como papel, cola, fichários e calculadoras - substituição de todos, o que custaria mais sob as potenciais tarifas.
"Hora do jantar. Proteínas saudáveis como camarão congelado, salmão, marisco, até mesmo palitos de peixe, na verdade, centenas de itens alimentares estão na lista de tarifas 301. A Seção 301 é um imposto sobre alimentação", disse ela, concluindo o dia sob as tarifas.
Quach disse que as novas tarifas tornarão os itens diários menos acessíveis e prejudicarão a economia dos EUA.
Nos últimos anos, a economia dos EUA vem apresentando uma recuperação robusta sob fortes compras. As tarifas potenciais vão amortecer o entusiasmo de compra dos consumidores e impactar diretamente a recuperação, disse ela.
Além disso, as tarifas vão afetar os empregos de vendas e prejudicar a economia, teme ela.
Para responder à pergunta do comitê, se os varejistas podem mudar a fonte de suas importações, ela disse que sim, mas para a maioria não, já que as 650 categorias de produtos estão desfrutando de um "ecossistema" de produção na China e sua mudança levaria anos.
RILA representa as maiores empresas de varejo do mundo, incluindo marcas líderes, como Walmart, Best Buy e Costco, que vendem produtos de todos os aspectos da vida cotidiana dos americanos. Seus membros representam mais de 1,5 trilhão de dólares em vendas anuais e 4,2 milhões de empregos.
Desde que os Estados Unidos desencadearam tensões comerciais com a China, Quach tem aparecido repetidamente em audiências sobre as tarifas, apelando para a exclusão da lista, de categorias que afetam varejistas e consumidores locais. Muitos executivos e representantes da indústria também fizeram apelos semelhantes a essas audiências.
As disputas comerciais dos EUA com a China e outros parceiros comerciais globais duraram meses.
As tarifas sobre 34 bilhões de dólares americanos de produtos chineses e um adicional de 16 bilhões de dólares americanos já estavam em vigor em 6 de julho e 23 de agosto, respectivamente.
Depois de anunciar tarifas adicionais sobre as importações de aço e alumínio e de 50 bilhões de dólares americanos em produtos chineses, Washington ameaçou no mês passado impor tarifas extras de 10% sobre 200 bilhões de dólares americanos de produtos chineses, aumentando para 25%.
As audiências em andamento sobre as última proposta de tarifas começaram em 20 de agosto. Entre as mais de 350 testemunhas, a maioria testemunhou contra a mudança ou buscou a exclusão de categorias relativas a seus negócios.
Para essas testemunhas, as tarifas 301 serão um "imposto de fato" sobre os consumidores.
"Se promulgadas, a tarifa 301 proposta pelo governo reduzirá os orçamentos das famílias americanas, especialmente as de renda baixa e média, que não podem pagar mais pelos bens de consumo do dia-a-dia", disse Quach.
