China defende sistema de comércio internacional, diz economista do FMI

Fonte: Diário do Povo Online    20.08.2018 14h15

“A China é simultaneamente beneficiária e defensora do sistema de comércio internacional”, afirmou um economista do Fundo Monetário Internacional ao Diário do Povo, acrescentando que os esforços da China para manterem o sistema de comércio multilateral refletem uma estratégia de benefício mútuo.

O FMI, no seu mais recente relatório da situação da economia mundial, referiu que as recentes tarifas aplicadas pelos EUA e as suas políticas deverão, com elevada probabilidade, escalar as tensões comerciais e ter um efeito adverso na confiança e no investimento.

A escalada dos conflitos comerciais a ter lugar após a aplicação de tarifas estadunidenses ameaçam descarrilar a recuperação econômica e a abafar as perspetivas de crescimento de curto e médio prazo, segundo avisou o relatório.

Os oficiais do FMI irão monitorar de perto a situação, segundo Ding Ding, um economista do Departamento para a Ásia e o Pacífico do FMI.

“Esperamos que os países relevantes se abstenham de usar medidas não-convencionais e levem a cabo uma cooperação comercial, com base na abertura e num sistema multilateral regido por regras, por forma a dirimir tensões comerciais”, afirmou.

O desenvolvimento do comércio internacional e do multilateralismo durante as últimas décadas tem beneficiado a maioria dos países, referiu Ding, destacando que a China, enquanto beneficiário, moveu esforços no sentido de manter a ordem multilateral, especialmente após se juntar à OMC em 2001.

O FMI concluiu no seu mais recente relatório que a tendência política que está à frente de vários riscos políticos, que se refletem da arena do comércio, tem as suas raízes em experiências de crescimento não-inclusivo e transformações estruturais de diversos países.

Tendo em conta estes desafios, a instituição multilateral apelou aos países para resistirem a abordagens introspetivas, defenderem um sistema de comércio multilateral, intercederem por uma economia global mais equitativa e se dedicarem à estabilidade financeira.

Enquanto especialista que tem vindo a seguir e a estudar a economia chinesa por vários anos, Ding elogia os esforços que a China tem vindo a tomar para redirecionar o seu foco econômico do crescimento de alta velocidade para um crescimento de alta-qualidade.

Isto significa que a China não irá buscar mais de forma cega a velocidade e a quantidade, mas em vez disso procura um crescimento mais sustentável, inclusivo e verde, explicou.

Embora o crescimento econômico da China tenha abrandado nos últimos anos, a senda de desenvolvimento é ainda sólida, havendo ainda muita margem para crescimento, de acordo com o economista, que acrescentou que o contributo da China para o crescimento econômico global irá permanecer a um nível elevado, em cerca de 30%.

“O FMI aprecia o progresso que a China alcançou com as suas reformas econômicas ao longo dos últimos anos”, disse Ding, citando exemplos de como a China reduziu efetivamente os seus riscos financeiros, a sua dependência no crédito para o crescimento econômico, e conseguiu projetos positivos a resolver problemas de excedente de produção e controlo da poluição.

Em termos de regulamentação financeira, Ding descreveu o comité do Conselho de Estado, estabelecido no ano transato para supervisionar a estabilidade financeira e desenvolvimento como uma medida muito eficiente.

O investigador diz que “tanto a China como o resto do mundo beneficiaram” da reforma e abertura da China ao longo das últimas quatro décadas.

“O sucesso da China não tem precedentes e o seu desenvolvimento, de um dos países mais pobres do mundo para a segunda maior economia mundial, juntamente com o seu sucesso em tirar da pobreza mais de 700 milhões de pessoas, é um acontecimento notável”, elaborou, acrescentando que a China se tornou também um motor da recuperação econômica mundial, especialmente no período pós-crise de 2008.

Na sua opinião, se a meta da China de eliminar a pobreza extrema até 2020 for cumprido, será outro marco significativo na história do desenvolvimento humano.

“No futuro, a China necessita acelerar o ritmo e melhorar o nível da sua abertura, a qual não é somente do interesse da China, mas irá garantir mais oportunidades ao resto do mundo”, frisou Ding, concluindo que a china está profundamente integrada no sistema internacional vigente graças à política de reforma e abertura.

(Web editor: Chen Ying, editor)

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