A RPDC demonstrou a sua resolução em desnuclearizar-se ao convidar jornalistas estrangeiros para desmantelar o local de testes de Punggye-ri esta semana, segundo analisam os especialistas chineses, que exortam os EUA a responder de forma positiva a esta iniciativa.
A data para o desmantelamento das instalações ainda não foi anunciada, mas deverá acontecer quinta ou sexta-feira, se as condições meteorológicas melhorarem, de acordo com a agência de notícias Xinhua.
Jornalistas da China, Rússia, Reino Unido e EUA partiram de Beijing rumo à cidade norte-coreana de Wonsan na terça-feira. Os jornalistas sul-coreanos, que foram inicialmente excluídos do grupo, voaram de Seongnam, em Seul, para Wonsan, na quarta-feira, segundo a agência de notícias Yonhap.
A RPDC aceitou uma lista de última hora de jornalistas sul-coreanos para cobrir o evento.
A comitiva de jornalistas saiu de trem na quinta-feira rumo ao município de Kilju antes de viajar entre 3 a 4 horas de ônibus e, por fim, caminhar mais 1 hora até atingir o local de testes de Punggye-ri.
O trem tinha um tempo de viagem previsto entre 8 a 12 horas, segundo a Associated Press.
“A Coreia do Norte levou a cabo seis testes nucleares em Punggye-ri. Ao convidar os jornalistas para assistir à demolição do local, o norte apresenta à comunidade internacional a sua resolução para desnuclearizar e garantir prioridade ao desenvolvimento econômico”, disse Lu Chao, um investigador da Academia de Ciências Sociais de Liaoning ao Global Times, acrescentando que a sinceridade do norte não podia ser questionada.
A imprensa estatal da RPDC, a agência KCNA, referiu que o desmantelamento do local de testes de Punggye-ri irá envolver o colapso de todos os seus túneis, recorrendo a explosões, bloqueando as suas entradas e removendo todas as instalações de observação, pesquisa e segurança.
Ameaça de atrasar a cúpula
Enquanto isso, Donald Trump tem também alimentado algumas dúvidas relativamente ao seu encontro com Kim Jong-un ter lugar como planejado, a 12 de junho, em Singapura.
Sentado no salão oval com o presidente sul-coreano Moon Jae-in, Trump disse aos repórteres na terça-feira que “há uma probabilidade muito substancial” que o encontro não decorra conforme o agendamento. No entanto, Moon expressou “total confiança” na capacidade de Trump concretizar a cúpula e garantir a paz, segundo a CNN.
“A Coreia do Norte e os EUA têm diferenças profundas sobre a forma como a desnuclearização deve acontecer e a ameaça de Trump de adiar a cúpula apenas se destina a tomar a ganhar terreno”, disse Lu, acrescentando que Trump perderia muito apoio e prestígio se abandonasse as conversações planejadas com Kim.
“Se Trump continuar a pressionar a RPDC a desistir dos seus interesses fundamentais, esta poderá desistir da cúpula sob pena de temer uma senda interminável de compromissos que ponha em causa o prestígio do governo perante o povo norte-coreano”, refere Li Haidong, professor no Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Relações Exteriores da China.
“Se a cúpula Kim-Trump não tiver lugar, ou não for possível atingir um acordo substancial, o conflito entre os EUA e a RPDC poderia agudizar, ao ponto de serem considerados confrontos militares”, advertiu Li.
Lu Kang, porta-voz da chancelaria chinesa, disse durante uma coletiva de imprensa diária na quinta-feira que a China espera que todas as partes envolvidas aproveitem esta oportunidade histórica para resolver a questão da Península Coreana.
Li ressaltou, por fim, que a China, que nunca esteve à margem desta questão, moveu também esforços para facilitar a cúpula, reduzir as tensões regionais, sendo, por isso, infundado afirmar que a China tem quaisquer outras intenções que não o reforço da paz mundial.