Brasil pedirá aos EUA documentos da CIA sobre tortura e mortes durante a ditadura militar

Fonte: Xinhua    16.05.2018 09h45

Rio de Janeiro, 16 mai (Xinhua) -- O governo brasileiro anunciou nesta segunda-feira que solicitará às autoridades dos Estados Unidos os documentos da CIA, a agência de inteligência norte-americana, relacionados às operações de tortura e morte de cidadãos brasileiros durante os últimos anos da ditadura militar (1964-1985).

Segundo o portal de notícias G1, a chancelaria brasileira "instruiu" a embaixada em Washington a pedir os documentos, após a polêmica surgida na semana passada, ao serem divulgados arquivos secretos da CIA, liberados de sigilo, nos quais se afirmava que os dois últimos ditadores militares do Brasil sabiam e autorizaram o assassinato de pelo menos 89 pessoas.

Na sexta-feira, o presidente do Instituto Vladimir Herzog (jornalista assassinado durante a ditadura), Ivo Herzog, filho de Vladimir, solicitou ao governo brasileiro que pedisse às autoridades norte-americanas "a liberação completa" dos registros da CIA que "documentam a participação de agentes do Estado brasileiro em operações para torturar ou assassinar cidadãos brasileiros".

Na semana passada, um pesquisador da Fundação Getúlio Vargas descobriu e divulgou os documentos liberados pela CIA nos quais fica patente que o general Ernesto Geisel, presidente do país entre 1974 e 1979, sabia e autorizou a execução de opositores do regime militar.

Um dos mortos foi Vladimir Herzog, torturado até a morte em uma cela em São Paulo no dia 25 de outubro de 1975, sendo que, na época, a causa oficial da morte foi informada como suicídio.

Geisel teria aconselhado ao então chefe do Serviço Nacional de Informações (SNI), o general João Baptista Figueiredo, que, posteriormente, o sucedeu na presidência (1979-1985) a autorizar pessoalmente os assassinatos.

Segundo a Comissão Nacional da Verdade (CNV), existe a confirmação de que pelo menos 89 pessoas foram mortas ou consideradas desaparecidas desde 1º de abril de 1974, enquanto outros 11 casos não foram registrados.

As informações sobre as vítimas do regime militar brasileiro constam dos relatórios da CNV, criada para investigar as violações dos direitos humanos entre 1964 e 1988.

A ditadura militar brasileira começou em 31 de março de 1964 com um golpe de estado que derrubou o governo do presidente João Goulart e se estendeu até 1985, quando o político Tancredo Neves foi escolhido presidente em eleições indiretas. Neves, porém estava muito doente, faleceu e foi substituído por seu vice, José Sarney.

(Web editor: Juliano Ma, editor)

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