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Cúpula de ministros das Finanças do G20 conclui com defesa do sistema multilateral de comércio

Fonte: Diário do Povo Online    22.03.2018 10h25

A primeira cúpula do ano de ministros das Finanças e presidentes de bancos centrais do G20 foi ontem concluída em Buenos Aires, Argentina, com a defesa do sistema multilateral de comércio.

O encontro, o primeiro de um total de cinco a serem realizados este ano, contou com a participação de 22 ministros das Finanças, 17 presidentes de bancos centrais e 10 titulares de organizações internacionais, entre eles a diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde.

Os participantes debateram sobre o financiamento em infraestruturas, o futuro do trabalho e a tecnologia por detrás das criptomoedas no Centro de Exposições e Convenções do bairro de Recoleta.

Um dos pontos de interesse foi o vínculo ao protecionismo e ao comércio internacional, numa altura em que os EUA impuseram taxas sobre as importações de aço e alumínio, uma medida que entrará em vigor na sexta-feira e que gera preocupações na UE, Ásia e América Latina.

Sem uma menção explícita sobre o protecionismo, o documento final referiu a importância do intercâmbio entre países.

 “O comércio internacional e o investimento são motores importantes do crescimento, produtividade, inovação, criação de emprego e desenvolvimento”, reiteraram os representantes do mecanismo reunidos em Buenos Aires.

“Reafirmamos as conclusões dos nossos líderes sobre o comércio na Cúpula de Hamburgo (2017), e reconhecemos a necessidade de um maior diálogo e ação. Estamos trabalhando para fortalecer a contribuição do comércio às nossas economias”, acrescentaram.

O ministro argentino da Fazenda, Nicolás Dujovne, e o presidente do Banco Central da Argentina, Federico Sturzenegger, foram os anfitriões durante as duas jornadas da cúpula ministerial, e os encarregados por difundir as principais conclusões do evento em uma coletiva de imprensa.

“Já foi reafirmada a importância do comércio internacional e foi ratificado que se deve continuar dialogando”, disse Dujovne.

O funcionário acrescentou ainda que a “Argentina reafirma o seu compromisso com o multilateralismo e com o comércio baseado em regras”.

Por seu turno, Sturzenegger mencionou que existe “um entendimento de que o comércio é bom para os países, há que aprofundar os acordos de forma que todos ganhem”.

O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Steven Mnuchin, disse durante uma coletiva de imprensa à margem do encontro que o seu governo não busca, mas também não teme, uma guerra comercial.

 “Devemos estar preparados para intervir em prol dos Estados Unidos, para defender um livre intercâmbio equitativo, baseado na reciprocidade”, disse Mnuchin.

Uma guerra comercial “não é o nosso objetivo, mas não temos medo”, afirmou o funcionário da administração Trump.

Previamente, o ministro espanhol da Indústria, Comércio e Competitividade, Román Escolano, declarou aos jornalistas que “o protecionismo foi objeto de discussão e os participantes aqui presentes pensam que é um grande erro histórico. Achamos que deve ser mantida a confiança no rol multilateral que tanto nos custou a obter”.

O documento final indicou também que os integrantes do fórum consideraram “os principais riscos para o futuro da economia, incluindo as vulnerabilidades financeiras, que poderiam vir a revelar-se com um endurecimento das condições financeiras, mais rápido que o esperado, e um aumento das tensões econômicas e geopolíticas”.

O texto enfatizou, ainda, que “o sistema financeiro global deve permanecer aberto, resiliente, apoiando o crescimento e sendo feito com base em padrões internacionais acordados. Continuaremos monitorando cuidadosamente e, caso seja necessário, abordaremos os riscos emergentes e as vulnerabilidades do sistema financeiro”.

Foi ainda reservado um parágrafo especial de reconhecimento às “inovações tecnológicas, incluindo aquelas subjacentes aos criptoativos”, que “têm o potencial de melhorar a eficiência e fazer mais pelo sistema financeiro e pela economia no seu conjunto”.

No documento adverte-se que “os criptoativos, apesar de tudo, colocam questões relacionadas com a proteção dos consumidores e investidores, com a integridade dos mercados, evasão aos impostos, lavagem de dinheiro e financiamento ao terrorismo”, devido à carência dos principais atributos que têm as moedas soberanas.

 “A qualquer momento podem ter implicações para a estabilidade financeira”, disseram os signatários do documento, apelando “aos organismos que estabelecem os padrões internacionais que continuem a supervisionar os criptoativos e os seus riscos”.

Segundo Sturnzenegger, os ministros das Finanças e presidentes dos bancos centrais do G20, deverão ter recomendações concretas sobre o que fazer a esse respeito no próximo mês de julho.

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