Beijing, 22 mar (Xinhua) -- Cientistas chineses analisaram o processo de desenvolvimento do córtex pré-frontal humano (CPF), considerado a "CPU" do cérebro humano, para compreender melhor seu funcionamento.
Especialistas do Instituto de Biofísica da Academia Chinesa de Ciências (ACC) da Universidade de Pequim e da Universidade Capital de Ciências Médicas aplicaram a elaboração de perfis transcripcional de célula única para identificar os tipos de células em um córtex pré-frontal em desenvolvimento, assim como suas características de desenvolvimento. Sua pesquisa foi publicada na edição online da revista Nature em 14 de março.
O CPF é uma das regiões mais importantes do cérebro. Contém bilhões de células e serve como o centro de avançadas atividades intelectuais, como a memória, as habilidades cognitivas, tomada de decisões e o comportamento social.
De acordo com o professor Wang Xiaoqun, da ACC, há uma necessidade de conhecer em detalhe o desenvolvimento da CPF, já que qualquer falha ou perturbação de seu desenvolvimento poderia contribuir com graves déficits cognitivos que são comuns em pacientes com desordens de desenvolvimento neurológico, entre eles discapacidades intelectuais, transtorno do espectro autista e esquizofrenia.
"Embora saibamos que o cérebro tem uma variedade de funções, temos pouco conhecimento sobre os diferentes tipos de células e a composição delas, o que dificulta para nós entender a forma como o cérebro desenvolve a função cognitiva avançada", disse Wang.
Com o fim de analisar de maneira sistemática a base celular e a regulação molecular da CPF, os cientistas rastrearam as características moleculares de suas células durante o desenvolvimento do cérebro entre a oitava e a vigésima sexta semanas de gestação.
No total analisaram mais de 2.300 células individuais e identificaram 35 sub-tipos de células em seis classes principais. Além disso, rastrearam seu processo de desenvolvimento.
O estudo constitui uma poderosa ferramenta para a pesquisa dos mecanismos responsáveis pelo surgimento das desordens neurológicas relacionadas a uma estrutura anormal ou uma disfunção da CPF, e também para explorar potenciais terapias.
De acordo com Wang, os projetos de censo de células em curso do "The BRAIN Initiative" nos Estados Unidos estão concentrados principalmente no atlas cerebral dos roedores.
"Nós nos concentramos mais em identificar e caracterizar as células neuronais e não neuronais no cérebro humano, o que ajudará diretamente a entender o mecanismo molecular e celular das desordens que nos afetam", indicou o cientista.
A China vem intensificando a pesquisa na área da ciência do cérebro com o objetivo de melhorar o conhecimento básico desse órgão, assim como encontrar tratamentos para as doenças que o afligem.
Wang disse esperar que o governo chinês dê mais importância à pesquisa da ciência cerebral e a apoie mais. O especialista acrescentou que a pesquisa interdisciplinar é vital para progredir no estudo do cérebro.
"Outro membro da equipe de pesquisa, Tang Fuchou, da Universidade de Pequim, é um especialista em sequência de células individuais na área da biologia das células mãe, e temos vantagens complementares, o que faz que a pesquisa avance mais facilmente", disse Wang.
"A pesquisa sobre o atlas do cérebro humano necessita da colaboração interdisciplinar de diferentes áreas como a biologia celular, a neurociência e a ciência computacional. Esperamos ver mais laboratórios dedicados ao estudo interdisciplinar da ciência cerebral", acrescentou Wang.
No momento, o cientista e sua equipe estão trabalhando nas células não neuronais do cérebro, que constituem cerca de metade do seu volume total e do volume da medula espinhal.
"Esperamos compreender como trabalham essas células junto com as células neuronais, e também explorar ainda mais os mistérios do cérebro humano", disse.
