Brasil tenta retomar um sonho que foi para o espaço

Fonte: Diário do Povo Online    14.03.2018 12h26

O já fracassado projeto brasileiro de criar uma empresa em parceria com a Ucrânia para colocar foguetes em orbita irá passar por um novo capítulo: o Governo Federal pretende editar uma medida provisória para dissolver a companhia e reaver parte dos R$ 490 milhões investidos na iniciativa.

Criada em 2006, a Alcântara Cyclone Space (ACS) pretendia utilizar o Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão, para lançar satélites com o foguete espacial ucraniano Cyclone-4. O objetivo era inserir o país no mercado de lançamentos comerciais de satélite. O Brasil seria o responsável pela construção de uma base de lançamentos, enquanto os ucranianos desenvolveriam o foguete que levaria os satélites ao espaço.

O foguete ucraniano, entretanto, nunca decolou e em 2015 as autoridades brasileiras saíram do acordo. Segundo o jornal O Globo, a iniciativa consumiu R$ 490 milhões do Brasil e alguns credores que tomaram calote querem seu dinheiro — como o consórcio entre as empreiteiras Odebrecht e Camargo Corrêa.

"O relacionamento das nossas iniciativas e as iniciativas ucranianas nunca foi absolutamente tranquilo", afirmou o presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB) José Raimundo Braga Coelho em entrevista à Sputnik Brasil. Ele também diz que o ACS falhou por não ter diálogo com o programa espacial nacional.

Ucrânia está de olho na Austrália: 2ª tentativa de construir base de lançamento espacial

Coelho também diz que o projeto teve erros de cálculo e no planejamento. O presidente da AEB diz que quando foi percebido que os possíveis retornos não compensavam o investimento, o acordo foi dissolvido.

Quando da divulgação de correspondência diplomática dos Estados Unidos pelo WikiLeaks, em 2011, foi tornado público que a Ucrânia procurou os Estados Unidos para pedir que Washington expressasse publicamente interesse no lançamento de satélites da base brasileira, o que poderia garantir sua viabilidade comercial.

Os diplomatas estadunidenses, todavia, condicionaram a parceria a não transferência de tecnologia para a fabricação de foguetes espaciais para o Brasil. Ou seja, caso o Brasil participasse apenas com a base de lançamentos, mas não com foguetes. O pronunciamento público do interesse dos Estados Unidos nunca veio.

O presidente da AEB disse à Sputnik Brasil que o Centro de Lançamento de Alcântara é "uma oportunidade para o mundo inteiro" e conta com "o melhor posicionamento do mundo" para "lançamentos em orbitas equatoriais". Ele também afirmou que o foguete lançador de satélites do Brasil deve começar a ser testado em 2019. 

Fonte: Sputniknews

(Web editor: Renato Lu, editor)

0 comentários

  • Usuário:
  • Comentar:

Wechat

Conta oficial de Wechat da versão em português do Diário do Povo Online

Mais lidos