Um antigo executivo da construtora brasileira Odebrecht disse aos procuradores que foi doado dinheiro para a campanha eleitoral do presidente Pedro Pablo Kuczynski em 2011, revelou um advogado da líder do partido da oposição, Keiko Fujimori, na televisão local na quarta-feira.
Os procuradores viajaram até ao Brasil nesta semana para questionar o antigo executivo, Jorge Barata, sobre as contribuições da campanha de 2011, as quais se suspeita terem feito parte de esquemas de lavagem de dinheiro e corrupção.
Barata, anteriormente chefe de operações da Odebrecht no Peru, está agora cooperando com os procuradores sobre os subornos que a empresa reconheceu pagar para garantir contratos.
A advogada de Fujimori, Giuliana Loza, disse que Barata também revelou que deu dinheiro a dois membros do partido de Fujimori na campanha de 2011.
Fujimori, principal rival política de Kuczynski, negaram repetidamente a aceitação de dinheiro da Odebrecht.
Na quarta-feira, Kuczynski disse no Twitter que nunca havia recebido qualquer doação de Barata e que não estava no comando das finanças em sua investida presidencial de 2011.
Em resposta aos jornalistas, em Lima, na quarta-feira, Fujimori negou igualmente que o seu partido recebera dinheiro da Odebrecht, apelando aos procuradores que cessassem a investigação sobre o seu envolvimento no esquema.
Como presidente, Kuczynski tem imunidade de acusação e só poderá ser formalmente investigado quando abandonar o cargo.
O mandato de Kuczynski deverá terminar em 2021, mas os legisladores no Congresso, controlado pela oposição, estão discutindo a realização de uma nova votação para remover o presidente. Uma votação em dezembro, depois de conhecida a ligação com a Odebrecht, falhou a passagem por apenas oito votos.
A Odebrecht esteve no centro do maior escândalo de corrupção da América Latina, desde que fora reconhecido um acordo de leniência de 2016, sob o qual funcionários em vários países, incluindo o Peru, tinham sido subornados.
Dois antigos presidentes peruanos, Ollanta Humala e Alejandro Toledo, foram também associados ao escândalo.
Os promotores alegam que Humala, agora em prisão preventiva, lavou dinheiro para a Odebrecht, aceitando as contribuições à campanha obtidas através de subornos. Toledo, sob o qual Kuczynski foi ministro das finanças e primeiro-ministro, é acusado de receber um suborno de 20 milhões de dólares da Odebrecht.
O testemunho de Barata tem sido fundamental para ambas as investigações.