Shinzo Abe, o primeiro-ministro japonês, urgiu os partidos políticos a avançarem com um debate em torno da alteração da constituição, tendo também demonstrado interesse em reforçar os laços de amizade com a China, no primeiro dia de uma sessão de 150 dias, com início na segunda-feira.

Durante o segmento reservado às políticas, no primeiro dia da sessão, o líder japonês referiu-se à Constituição, enquadrando-a em uma narração sobre o futuro do país.

 “Estaremos a criar a nossa nação, com os olhos postos a 50 ou 100 anos no futuro. É a constituição que narra e materializa o formato ideal do país”, afirmou Abe em torno da questão política e socialmente fraturante.

O chefe de Governo nipónico apelou a todas as partes para formularem planos estruturados sobre o tópico e debaterem a questão, os quais, se vierem a materializar-se, constituiriam a primeira revisão da Constituição pós-guerra, desde que a versão atual entrara em vigor, em 1947.

Para Abe, para atingir o seu objetivo primordial de firmar uma alteração na lei suprema do país, especificamente uma cláusula que prevê a renúncia do Japão à guerra, restringindo as atividades bélicas às Forças de Auto-Defesa do Japão (FADJ), dois terços da maioria seriam necessários em ambas as câmaras do parlamento e, posteriormente, a obtenção de uma maioria simples em um referendo nacional.

No que concerne à diplomacia, Abe descreveu o Japão e a China como sendo “inseparáveis” e disse que iria “corresponder às expectativas da comunidade internacional, ao desenvolver relações de amizade com a China de forma estável”.

Com a iniciativa do Cinturão e Rota em mente, Abe referiu que o Japão irá cooperar com a China nas crescentes necessidades de construção de infraestruturas na Ásia.

Com o assinalar do 40º aniversário da assinatura do Tratado de Paz e Amizade Japão-China, o líder japonês prometeu realizar visitas recíprocas, do próprio à China e do Presidente Xi Jinping ao Japão, “logo que possível”.

O primeiro-ministro ambiciona ainda realizar uma cúpula trilateral, incluindo a Coreia do Sul, com o propósito de aprofundar as relações para uma nova era.

Durante a sua alocução, Abe reiterou que a aliança Japão-EUA é basilar para a diplomacia e segurança japonesas, constatando que durante o ano passado, a sua relação com Donald Trump se havia tornado de “confiança pessoal”.

Em termos de questões domésticas, Abe referiu que as reformas laborais eram cruciais para os pontos de ação governamental, tais como medidas para combater o envelhecimento e diminuição da população, fenómenos que descreveu como “crise nacional”.

Com receitas provenientes de um aumento do imposto de consumo previsto para outubro do próximo ano, Shinzo Abe referiu que o sistema de segurança social japonesa seria reprogramado para beneficiar todos os quadrantes da sociedade, incluindo as gerações mais jovens, com a introdução de um sistema de educação pré-escolar gratuito.