Beijing, 23 out (Xinhua) -- Os que desejam analisar a trajetória do crescimento da economia da China nos próximos cinco anos poderão encontrar indícios significativos no Congresso Nacional do Partido Comunista da China (PCCh), um evento que se realiza duas vezes por década.
Ao descrever os objetivos de desenvolvimento para os próximos cinco anos em seu relatório diante do 19º Congresso Nacional do PCCh, Xi Jinping disse que a economia da China vem passando de uma fase de rápido crescimento a uma etapa de desenvolvimento de alta qualidade.
A China não fechará sua porta ao mundo, mas será um país cada vez mais aberto, segundo o relatório.
A China está se tornando em uma potência global, o que eleva a aposta por sua conexão a um mundo cada vez mais integrado e cria uma série de novas oportunidades.
Desde o 18º Congresso Nacional do PCCh, em 2012, a economia da China tem crescido a uma taxa anual média de 7,2% (2013-2016), superando o crescimento global médio, que foi de 2,6%, e o crescimento de 4% das economias em desenvolvimento.
"A economia manteve uma taxa de crescimento entre media e alta, o que tem feito da China um líder entre as principais economias", segundo o relatório.
O relatório se refere a esta como uma etapa fundamental para a transformar o modelo de crescimento, melhorar a estrutura econômica e fomentar novos motores de crescimento.
A China necessita de uma liderança transformadora para fazer o país avançar, fazer com que o sistema evolua da maneira adequada para uma nova era. Isso significa fortalecer as instituições e o capital humano ao mesmo tempo que se muda a estrutura da economia, disse Yukon Huang, membro sênior do Carnegie Endowment for International Peace.
Wang Xiaodong, governador da Província de Hubei, centro da China, e representante no congresso, sentiu-se muito animado pelo relatório.
"Como uma das antigas bases industriais do país, Hubei está na primeira linha da transformação do modelo de crescimento", disse.
Para reduzir o excesso de capacidade de aço e melhorar a competitividade do mercado, a Wuhan Iron and Steel, um grande fabricante de aço com sede em Hubei, fundiu-se com o Baosteel, com sede em Shanghai, em 2016.
Somente em 2016, Hubei completou a meta de redução de capacidade para os próximos três anos. No entanto, sua taxa de crescimento econômico anual superou o média nacional.
"A reestruturação econômica é a única forma de obter um crescimento mais sustentável, equilibrado e de alta qualidade nos próximos cinco anos. Não devemos poupar esforços para obtê-lo", disse Wang.
O relatório sublinha a importância de estimular os gastos em consumo, que devem desempenhar um papel fundamental na economia nacional.
A Hubei Bank Corporation, uma emprestadora de tamanho pequeno de Hubei, concentrou-se em estender os créditos ao consumo nos últimos anos devido à forte demanda do mercado.
"A taxa de crescimento dos créditos ao consumo é assombrosa. Embora representem somente uma pequena cota do total, crescerão muito rápido no futuro", disse Zhou Yukun, secretário do comitê do Partido na empresa e também um dos representantes do congresso.
Wang Tao, economista chefe da UBS China, estima que o consumo se expandirá a uma taxa anual de pelo menos 7% nos próximos dois anos devido às crescentes receitas e a demanda de uma melhor qualidade de vida.
Em 2016, o consumo representou cerca de 54% do Produto Interno Bruto (PIB). Wang Tao estima que até o final de 2020 a proporção subirá entre 2 e 3 pontos percentuais.
Segundo o relatório, a China implementará o sistema do trato nacional pré-estabelecimento junto com uma lista negativa. O país também flexibilizará em larga medida as restrições de acesso ao mercado e protegerá os direitos e interesses legítimos dos investidores estrangeiros.
Nas últimas décadas, a China se transformou de uma economia fechada a uma aberta e se tornou na maior exportadora e a segunda maior importadora do mundo, assim como a segunda maior fonte de investimento direto no estrangeiro.
No momento, enquanto o protecionismo ganha peso no Ocidente, a China procura uma maior liberalização do comércio e do investimento para a prosperidade comum.
A Iniciativa do Cinturão e Rota, que conecta países e regiões nos quais vive mais de 60% da população mundial e que concentram 30% do PIB, é "um exemplo perfeito" de que a China compartilha sua sabedoria e soluções para o crescimento e a governança globais, afirmou Robert Lawrence Kuhn, presidente da Fundação Kuhn, uma organização não governamental dos Estados Unidos que fomenta os vínculos sino-americanos.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) elevou recentemente sua previsão de crescimento econômico da China em 2017 e 2018 para 6,8% e 6,5% respectivamente, números que são em ambos os casos superiores aos prognósticos de julho.
Para uma economia cujo volume total supera os US$ 11 trilhões, manter um crescimento tão alto não é fácil, disse o vice-ministro chinês das Finanças Zhu Guangyao. A revisão para cima é "uma afirmação forte" pelo FMI dos avanços do governo chinês na reforma estrutural no lado da oferta, acrescentou.