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BRICS: Novos acordos de cooperação e tomada de medidas concretas são essenciais para o futuro, defende especialista brasileiro

Fonte: Diário do Povo Online    23.08.2017 11h13

Por Andreia Carvalho e Renato Lu

Com a aproximação da Cúpula do BRICS, a ser realizada entre 3 e 5 de setembro em Xiamen, na China, é tempo de analisar os resultados obtidos na primeira década e definir planos concretos para os próximos 10 anos do bloco, defendeu Ronnie Lins, presidente do Center China-Brazil: Research & Business.

Lins destaca a capacidade de articulação dos “países emergentes” de grande poder econômico e político, pois, segundo ele, “possuem dimensões continentais”. O foco do bloco no desenvolvimento econômico conjunto, para ajudar a solucionar problemas de desigualdade social e erradicar a pobreza, veio a decretar uma primeira década “positiva, de mútuo conhecimento entre os países”, que agora precisam concretizar mais acordos de cooperação para alcançar novos objetivos.

“Os BRICS tiveram esse desenvolvimento significativo, principalmente em função do bom desempenho da China e da Índia, que cresceram muito acima da média do crescimento mundial”, afirmou.

A expansão do BRICS para o BRICS+ tem sido amplamente discutida. “A participação de novos países nos BRICS poderá ser benéfica, desde que os novos parceiros estejam em sintonia com os objetivos dos atuais países do bloco”, defendeu.

Contudo, o entrevistado explica que os novos países serão bem-vindos, caso tragam benefícios ao bloco sob o ponto de vista econômico, político e estratégico. É necessária uma análise do “trade off”, ou seja, “se o aumento do poder econômico do bloco pode ou não causar problemas de relacionamento político entre alguns membros”, explica.

O contexto mundial está em constante mudança, e os BRICS devem estar sintonizados, por forma a enfrentar aqueles que Lins considera serem os 3 desafios principais.

Primeiramente, é necessário fortalecer o comércio entre os países membros, “através de mais relações do tipo win-win, da implantação do livre comércio e do aproveitamento das complementaridades entre os países”.

Segundo, é importante investir significativamente na adaptação da capacidade industrial operacional, em sintonia com o novo mundo da “quarta revolução industrial”, aumentando a competitividade e reduzindo os custos de produção.

Por fim, e como consequência do segundo desafio, é imprescindível a adaptação dos sistemas educacionais à nova realidade da “quarta revolução industrial” e novos tipos de prestação de serviços, que implicam a “aproximação do mundo acadêmico ao empresarial dos membros, para que os jovens estejam melhor preparados para enfrentar as novas e diversas demandas de trabalho”.

Quanto ao futuro do BRICS, Lins acredita que, a Cúpula de Xiamen irá possibilitar a tomada de medidas mais concretas graças às experiências adquiridas nos últimos 10 anos.

Das medidas a serem tomadas, o presidente do Center China-Brazil, salienta: o maior avanço na criação do mercado de livre comércio com a redução do protecionismo e adaptações tributárias; um maior desenvolvimento em infraestruturas, visando o aumento da produtividade; uma maior atuação do Banco dos BRICS no apoio a projetos estruturantes; e a definição de medidas concretas para erradicação da pobreza e prestação de auxílio aos países co-irmãos. 

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