Nova Délhi, 8 ago (Xinhua) -- Há muito potencial para explorar a cooperação entre os membros do BRICS em muitas áreas, como comércio e investimento, disse um especialista indiano.
Enquanto as últimas oito Cúpulas anuais deste grupo de cinco economias emergentes (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) foi ganhando impulso em seu crescimento, a cooperação entre os membros do BRICS ainda tem muito espaço para melhorar, especialmente nas áreas de comércio e investimento, de acordo com Srikanth Kondapalli, professor do Centro de Estudos da Ásia Oriental da Universidade Jawaharlal Nehru, sediado em Nova Délhi.
"Em geral, o comércio intra-BRICS é baixo, como acontece com investimentos ou fluxos de tecnologia. Grande parte do comércio global dos países do BRICS é realizado com países ocidentais," disse Kondapalli à Xinhua em uma entrevista no domingo.
"O comércio total entre os cinco países do BRICS representou apenas 4,9% do comércio exterior total desses países," disse ele, acrescentando que "grande parte do comércio é de produtos ou commodities de baixo valor".
Enquanto isso, "os fluxos de investimento intra-BRICS também não são muito elevados até agora, resultando na dependência dos países dos BRICS nos credores internacionais," disse Kondapalli.
O especialista indiano acredita que o novo banco de desenvolvimento proposto pela Índia (NDB), lançado em 2015 dentro da estrutura do BRICS, ajudará a aliviar a situação. Ainda assim, "a Índia está defendendo mais fluxos de investimento nos projetos de infraestrutura," afirmou.
Kondapalli observou que o NDB, que se destina a se concentrar em projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável, claramente "precisa expandir financiamento de infraestrutura, internacionalização monetária, crédito financeiro, investimento mútuo e facilitação do comércio, para que esses estados possam superar os efeitos negativos da crise financeira global.”
Em sua opinião, o financiamento de pequenas e médias empresas (PMEs) também deve estar entre as prioridades do banco.
O especialista indiano acredita que o intercâmbio cultural e o turismo também são áreas que exigem uma maior cooperação intra-BRICS.
"Tal como acontece com o comércio e os investimentos intra-BRICS, os intercâmbios culturais também estão em um nível baixo atualmente," afirmou.
O nível de desenvolvimento do "turismo intra-BRICS, interações entre pessoas, shows culturais/literários até agora não têm sido muito alto," disse ele, culpando isso principalmente pela falta de infraestrutura e financiamento.
Com os esforços conjuntos contra o terrorismo, Kondapalli disse: "Não existe uma coordenação concreta entre as agências de segurança," enquanto espera que a próxima cúpula do BRICS que se realizará em setembro na cidade chinesa de Xiamen ajudará a resolver as diferenças dos países do BRICS no combate ao terrorismo.
Kondapalli também espera que novos progressos sejam feitos na Cúpula de Xiamen na cooperação do BRICS na luta contra as mudanças climáticas, observando que as diferenças permanecem dentro do grupo do BRICS em questões de segurança cibernética, tornando a cooperação nesta área improvável no momento.
Além disso, o professor acredita que a Índia e a China trabalharão para melhorar seu papel dentro do BRICS.
"Fica claro a partir das oito reuniões de Cúpula anteriores que a Índia e a China, apesar das diferenças bilaterais, se reuniram em uma série de questões de interesse comum, como o comércio, etc. Ambos os países estão em um momento em que estão cada vez mais integrados na cadeia de valor do comércio global," disse Kondapalli.
"Assim, podemos prever que seu papel na formação do fenômeno dos BRICS será maior," afirmou.