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Vírus Zika não é transmitido por beijo, diz estudo

Fonte: Xinhua    03.08.2017 09h11

Washington, 3 ago (Xinhua) -- É improvável que um contato casual como o beijo ou ocompartilhamento de um garfo ou uma colher passe uma infecção do vírus Zika, segundo um novo estudo divulgado nesta terça-feira.

Pesquisadores da Universidade de Wisconsin-Madison (UW-Madison) que realizaram experiências com macacos descobriram que a saliva não parece ser capaz de transmitir o vírus Zika, de acordo com o estudo publicado no jornal britânico Nature Communications.

"Se transmitir o vírus por contato casual fosse fácil, acho que veríamos muito mais o que chamamos de transmissão secundária em um lugar como os Estados Unidos," Tom Friedrich, professor de virologia na Escola de Medicina Veterinária UW-Madison, disse em um comunicado.

"Mas nós não estamos vendo disseminação clinicamente aparente de Zika em todo os EUA sem a presença dos mosquitos que carregam o vírus, e nosso estudo ajuda a contextualizar um pouco o risco de transmissão".

Os cientistas acreditam que as picadas de mosquito são a fonte da maioria das infecções do vírus Zika em pessoas.

O vírus também pode ser transmitido por relações sexuais, mas não ficou claro se a saliva de uma pessoa infectada representava um perigo.

No novo estudo, os pesquisadores infectaram macacos com a cepa do vírus Zika que circula na América do Norte e do Sul nos últimos anos e coletaram a saliva dos infectados.

Então, eles esfregaram as amígdalas de cinco macacos não infectados com a saliva e, para comparação, esfregaram as amígdalas de três macacos com uma dose concentrada elevada de vírus Zika.

Nenhum dos macacos testados com a saliva desenvolveu uma infecção, nem um par de macacos que tiveram saliva infectada esfregada em suas narinas ou pálpebras.

No entanto, todos os três macacos que tiveram a dose concentrada elevada de vírus aplicada diretamente às amígdalas na ausência de saliva foram infectados, embora a infecção tenha levado um pouco mais de tempo para se desenvolver do que em macacos infectados pela pele.

Na verdade, os macacos infectados do estudo tinham muito pouco vírus ativos em sua saliva, em comparação com as quantidades normalmente passadas para pessoas ou macacos através das picadas de mosquito, disseram os pesquisadores.

Enquanto isso, também há componentes antimicrobianos na saliva, tornando esse baixo nível de vírus ainda menos infeccioso do que poderia ser em outro meio, foi dito.

Além disso, a saliva é uma coisa "viscosa", o que dificulta a capacidade do vírus Zika de se mover e chegar às células que poderiam infectar.

No entanto, os pesquisadores também foram rápidos em apontar um caso misterioso de transmissão de Zika - entre um homem idoso e seu filho e cuidador em Utah no ano passado - que descartou rotas melhor compreendidas, como mosquitos ou atividade sexual.

O filho foi infectado aparentemente depois de ter tocado seu pai falecido, que tinha uma "quantidade excepcionalmente alta" de vírus - mais de 100.000 vezes maior que a observada em outras amostras de pessoas infectadas - no sangue.

"O caso em Utah era uma exceção - por ordens de grandeza - em termos da quantidade de vírus que estava presente no sangue," disse Friedrich.

"A transmissão via saliva é teoricamente possível, mas exigiria cargas virais extraordinariamente elevadas que não estão presentes na grande maioria das pessoas infectadas".

A maioria das pessoas não têm sintomas ou terá apenas sintomas leves quando infectados com o Zika, mas o vírus foi associado a um defeito congênito grave chamado microcefalia e outros defeitos cerebrais graves em bebês cujas mães foram infectadas durante a gravidez.

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