Os cabos instalados na aldeia Gulu, província de Sichuan, irão suportar cabines que poderão transportar até 40 passageiros.
CHENGDU, 4 de mai (Diário do Povo Online) – Localizada entre precipícios e penhascos, centenas de metros acima do nível das águas do rio Dadu, a aldeia Gulu, em Sichuan, viveu em isolamento e pobreza durante centenas de anos.
O nome da aldeia, "Gulu", é alegadamente proveniente do som de uma pedra quando cai de uma montanha, sendo também conhecida como a "aldeia nas escadas para o céu".
"Quando eu era criança, costumávamos descer o penhasco com uma escada feita de varas e canas", lembrou Chang, um dos cerca de 400 residentes da etnia Yi, atualmente com 50 anos. "O vento geralmente era bastante forte e muitas vezes fazia a escada balançar. Quando olhávamos para baixo, as nossas pernas tremiam".
Um caminho, com menos de um metro de largura, foi criado em 2003 até à base do penhasco, antes de ser posteriormente estendido até ao outro lado do desfiladeiro. Uma travessia de ida e volta demora mais de seis horas.
"Em dias de mercado, partimos antes do amanhecer e só voltamos para a aldeia à noite", disse Chang.
Em breve, a traiçoeira jornada passará a ser uma história do passado, pois um cabo que atravessa o desfiladeiro foi instalado, e as operações das cabines serão iniciadas.
O cabo tem cerca de 650 metros de comprimento e está situado 700 metros acima do rio. Cada cabine do teleférico poderá acomodar até 40 pessoas, transformando uma viagem de três horas em uma travessia de três minutos.
"Estamos procurando uma empresa para operar o teleférico", disse Luo Yunlian, oficial da aldeia. "Não só queremos facilitar o transporte e deslocação para os moradores, como também esperamos atrair mais turistas de forma a impulsionar a economia local".
Segundo a lenda, há mais de 400 anos, os antepassados dos aldeões de Gulu tinham problemas com duas grandes famílias na cidade de Tianba. Após um conflito entre elas, apenas seis pessoas sobreviveram.
Dois dos sobreviventes subiram às montanhas, cruzaram o rio Dadu e alcançaram o penhasco, onde se instalaram após perceberem que o local era fácil de defender e difícil de conquistar.
Atualmente, os alunos da escola primária da aldeia têm que caminhar três horas pelo caminho estreito da montanha para ir à escola.
Chang Zhaolin acrescentou que qualquer pessoa que caminhe por essa estrada deve ter muito cuidado, especialmente ao carregar cestas pesadas às costas. "Toda a gente sente nervos quando vai pelo caminho estreito", revelou.
Em 2013, as autoridades começaram a discutir como resolver o problema de transportes e deslocações da aldeia.
Os especialistas sugeriram que a instalação de um teleférico seria melhor do que a criação de uma estrada, mas a ideia não foi bem recebida pelos aldeões. "As pessoas estavam receosas porque ninguém tinha utilizado um teleférico antes", explicou Chang.
Contudo, os habitantes acabaram por aceitar o projeto e, com um financiamento governamental de 24 milhões de yuans (3,5 milhões de dólares), a sua construção foi iniciada em agosto de 2015.
O teleférico é composto por dois cabos paralelos, que mantêm as duas cabines estáveis, mesmo na ocorrência de ventos fortes.
Um outro cabo foi instalado separadamente para uso do pessoal de segurança, em caso de emergência.
O teleférico realizou vários testes no final do ano passado, sob o atento olhar dos aldeões que visitavam o local todos os dias.
"Eu não esperava que a viagem para fora da aldeia fosse tão fácil. Vai ser divertido viajar no ar", disse Li Shucai, habitante da aldeia.
As autoridades planejam desenvolver o turismo local, visando impulsionar a economia e erradicar a pobreza.
Um centro de serviços de turismo foi criado perto da estação do teleférico, e o governo local tem ajudado a renovar as casas tradicionais, construindo também banheiros públicos e estradas dentro da aldeia, criando as condições necessárias para que o local seja considerado uma "terra de beleza idílica".