HOTHOT, 2 de maio (Diário do Povo Online) – A Mongólia Interior, a primeira região autônoma de nível provincial estabelecida na China, comemorou o seu 70º aniversário com uma cerimónia na segunda-feira, na qual foram destacadas as práticas bem-sucedidas do país na autonomia étnica regional.
Mais de 1.000 pessoas envergando os trajes tradicionais da Mongólia realizaram danças e entoaram cânticos mongóis na Praça Wuyi, na cidade de Ulanhot, leste da região, onde o governo autônomo regional foi fundado, a 1 de maio de 1947.
"O 70º aniversário é um marco importante, por isso, toda a nossa família veio assistir à gala", disse Zhao Hongfu, um mongol de 82 anos presente na cerimónia.
Zhao recordou os tempos em que vivia em uma casa de barro e “havia muita descriminação entre diferentes grupos étnicos”. Agora, vivendo em um edifício de vários andares, acrescenta que atualmente “habitantes Han, Mongóis e de outros grupos étnicos vivem no mesmo edifício”.
Os comentários de Zhao sobre o enorme progresso foram ecoados por outros residentes. Li Kun, de 91 anos, recordou as dificuldades vividas na altura em que a região autônoma foi fundada.
"Naquela época, as pessoas comuns comiam pão de milho cozido a vapor, usavam lamparinas de parafina e vestiam roupas gastas. Hoje, a vida é muito diferente."
O sistema de autonomia regional para as minorias étnicas é um dos pilares da política chinesa.
Além da Mongólia Interior, as outras quatro áreas são: Xinjiang, Guangxi, Ningxia e o Tibete.
O primeiro Congresso Nacional Popular, que tivera lugar em 1954, incluiu o sistema de autonomia regional para as minorias étnicas na Constituição da República Popular da China, tendo a lei regional de autonomia étnica entrado em vigor em 1984.
"A autonomia étnica regional está na base do rápido desenvolvimento da Mongólia Interior", disse Hobsgaalt, mongol e chefe do governo da divisão administrativa Bairin Right na região.
A percentagem de funcionários de minorias étnicas é um importante reflexo do usufruto dos direitos da política.
Na Mongólia Interior, funcionários de grupos étnicos minoritários representam 33% do total, um número superior à proporção da sua população.
Zhou Jinghong, uma pesquisadora de política étnica da Academia Chinesa de Ciências Sociais, disse que o sucesso da Mongólia Interior na proteção e a prosperidade da cultura tradicional do grupo étnico mongol é uma prova das experiências bem-sucedidas na região.
"Nos últimos anos, um grande número de itens tradicionais do patrimônio cultural da Mongólia foram inscritos em listas de proteção em diferentes níveis", disse ela.
"Estamos em uma era de prosperidade cultural. Desde a reforma e abertura da China, o ambiente criou condições favoráveis para o desenvolvimento da cultura da Mongólia", afirmou Baljinima, um repórter mongol aposentado em Hohhot, a capital regional.
Ao longo das últimas três décadas, a China reforçou a pesquisa sobre a história e a cultura dos mongóis, e um grupo de estudiosos bilingues chinês-mongol surgiu, segundo Gombzarb, um influente poeta mongol e presidente da Federação da Mongólia Interior de Círculos Literários e Artísticos.
Grandes mudanças ocorreram na pradaria da Mongólia Interior desde 1947. A maioria dos pastores se estabeleceu e vive agora uma vida mais confortável.
Burenjargal, um pastor na periferia da cidade de Xilinhot, se mudou, há três anos, para uma nova casa com televisão, água canalizada, casa de banho com vaso sanitário e um fogão a gás.
O pastor tem 60 cavalos e 10 cabeças de gado em sua pastagem. No ano passado, o seu rendimento com turismo, venda de cavalos e leite de égua atingiu os 200 mil yuans (29 mil dólares).
Com os subsídios do governo, os pastores começaram a criar pecuária de forma sustentável para proteger as pastagens.
A Mongólia Interior ocupa uma área de 1,18 milhão de quilômetros quadrados, cerca de 12% da área terrestre do país. A população da Mongólia é de 4,6 milhões, quase um quinto do total da região.
Nos últimos 70 anos, a economia da região aumentou de 537 milhões de yuans (78 milhões de dólares) para 1,86 trilhão de yuans (270 bilhões de dólares), ocupando o primeiro lugar entre as cinco regiões autônomas do país.
O seu volume de comércio exterior aumentou de 11 milhões de dólares para 11,7 bilhões de dólares no mesmo período, tendo o PIB per capita da região ultrapassado os 10 mil dólares.
A política étnica da China é caracterizada pela igualdade, unidade, autonomia étnica regional e prosperidade comum para todos os grupos étnicos.
Ao Junde, especialista de legislação em autonomia étnica regional, acrescentou que a China assumiu a liderança na proteção dos direitos das minorias étnicas com um conjunto abrangente de teorias, políticas, sistemas e direitos.
"A autonomia étnica regional da China tem as suas próprias características socialistas, mas é de importante valor e referência para muitos países ainda hoje atormentados por questões étnicas ", disse Zhou.