China Daily: Reino Unido envolto em incerteza após início do Brexit

Fonte: Diário do Povo Online    30.03.2017 09h57

O presente artigo é um editorial do jornal China Daily.

Na quarta-feira, o Reino Unido iniciou formalmente o processo de abandono da União Europeia, com a primeira-ministra Theresa May a ativar o artigo 50 do Tratado de Lisboa, que inaugura um período de dois anos para negociar a saída do bloco.

Embora May tenha prometido um “divórcio de sucesso”, pairam várias incertezas e restrições que deverão pôr em causa os esforços para atingir esse fim.

Internamente, May enfrenta uma nação fraturada, especialmente a Escócia, que, na tentativa de se manter parte da UE, procura realizar um novo referendo de independência.

Externamente, há a possibilidade de que as negociações falhem e que o Reino Unido seja forçado a abandonar a UE sem conseguir qualquer acordo. Independentemente do resultado, o país terá de assegurar novos acordos comerciais com parceiros europeus e procurar mercados alternativos. Nenhuma das duas tarefas se afigura fácil.

No que concerne à primeira, outrora autoproclamado porta de entrada para a UE, o Reino Unido terá agora que procurar novos pontos de venda.

A China, por exemplo, encarava o Reino Unido como ponte para aceder ao vasto mercado da UE, o seu maior parceiro comercial.

A cooperação sino-britânica irá, porém, prosseguir. O Reino Unido, o segundo maior parceiro comercial da China entre os membros da UE, procurou sempre investimento chinês em domínios como a energia nuclear e transporte ferroviário de alta velocidade; a China, por seu turno, tem procurado no Reino Unido ajuda para desenvolver o seu mercado financeiro e a facilitação na internacionalização do yuan. Londres já se tornou um centro para a negociação offshore da divisa chinesa.

Enquanto membro fundador do Banco Asiático de Desenvolvimento em Infraestrutura, o Reino Unido pode aproveitar as oportunidades do financiamento massivo proporcionado pelo banco em projetos ao longo da Ásia, África e Europa.

Além disso, tanto a China como o Reino Unido são defensores do livre comércio. Embora as conversações para um acordo de livre comércio entre a China e UE decorram de forma relativamente lenta, devido à pressão de alguns países da UE, o Brexit poderá instar a China e o Reino Unido a selar um acordo dessa natureza numa data mais precoce.

O futuro da colaboração sino-britânica na era pós-Brexit, contudo, depende da visão e do estadismo dos seus líderes.

Enquanto o Brexit reflete a tendência de alguns países se retraírem e se focarem no passado, os líderes chineses continuam a olhar para o exterior e para o futuro, promovendo uma visão de globalização económica como o caminho correto a seguir, visando a partilha de benefícios entre os vários países da comunidade internacional.

(Web editor: Renato Lu, editor)

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