Português>>China

“Ninguém pode negar a dimensão e o crescimento da China”, diz ministro da Economia de Portugal

Fonte: Diário do Povo Online    27.03.2017 13h56

Por Mauro Marques

O ministro da Economia de Portugal, Manuel Caldeira Cabral, durante o seu discurso na cerimónia de inauguração do Pop Galo, em Beijing

Após se deslocar à China para participar no Fórum de Bo’ao, Manuel Caldeira Cabral, ministro da Economia de Portugal, fez um desvio à capital chinesa para tomar parte no evento de inauguração do “Pop Galo”, um galo de Barcelos gigante, criação da artista portuguesa Joana Vasconcelos, que viajou de Lisboa a Beijing.

Enquadrado no âmbito da promoção do turismo e do intercâmbio cultural, a obra envia também um sinal de afeto à China, ao fazer coincidir a dimensão cultural do ícone português com a recém-celebrada entrada no Ano do Galo.

“O galo representa ambição e boa-sorte e é a nossa forma de desejar um bom ano do galo à China”, afirmou Manuel Caldeira Cabral no seu discurso, transpondo, de seguida, a viagem simbólica efetuada pela obra, que dá agora um toque luso ao quarteirão 798 — o ex-líbris do mundo das artes da capital chinesa, onde se situam as galerias mais renomadas — para uma terminologia que lhe é mais familiar.

“A longa viagem que o galo realizou de Portugal à China deve representar o nosso desejo de construir pontes [entre os dois países], de participar na iniciativa ‘Um Cinturão e Uma Rota’, de forma entusiástica, para unir os dois países no comércio, investimento, mas também nos laços culturais”, afirmou.

Globalização, turismo e a iniciativa chinesa “Um Cinturão e Uma Rota” foram os temas na ordem do dia para o ministro português, que frisou que “Portugal é um país que quer estar aberto ao comércio internacional e que não acredita neste novo protecionismo”.

Eixo estratégico de entrada na Europa, plataforma de mediação e cooperação com os países da lusofonia, membro integrante do Fórum Macau: Três argumentos de peso utilizados por Caldeira Cabral para justificar e reafirmar a competitividade e o interesse de Portugal em figurar no propalado projeto de cunho chinês.

Assim o corroboram elementos como a construção de estruturas ferroviárias de reforço da ligação entre os portos portugueses e o centro da Europa, os preços competitivos, o conhecimento em áreas estratégicas (novas energias por ex.), logística ágil, e experiências de cooperação multilateral de sucesso entre a China, Portugal e a lusofonia.

O ministro referiu ainda o exemplo de empresas chinesas do setor energético que expandiram a sua atividade para o Brasil com apoio técnico e logístico português, entrando “no mercado brasileiro de uma forma mais suave, sem resistências por parte do Brasil, envolvendo mais facilmente engenheiros e trabalhadores brasileiros. Penso que estes exemplos de sucesso se podem multiplicar, tanto no Brasil como em África, tanto para as empresas da China como para as empresas portuguesas.”

Já no que concerne ao Fórum Macau, marcado pelo sucesso na reunião ministerial que tivera lugar em outubro do ano passado, o ministro salienta o apoio proporcionado no acesso a um mercado onde “muitas empresas, principalmente PME’s, não dominam a língua, os costumes comerciais e as leis (…) portanto, essa plataforma pode ajudar não apenas no aspeto logístico, mas também no apoio legal e à entrada no mercado”.

A importância do porto de Sines, enfatizada recorrentemente pelas autoridades portuguesas, voltou, nesta ocasião, a ser um dos focos de atenção: “Há um interesse muito grande por parte de entidades chinesas pela posição estratégica que Sines tem, como porto [europeu] mais próximo do Pacífico, pela rota que passa pelo canal do Panamá. Portugal, com todos os seus portos, não só o porto de Sines, pode ser uma porta de entrada da China para a Europa”

Em declarações ao repórter do Diário do Povo Online, o ministro confirmou que Portugal tem já presença marcada no Fórum “Um Cinturão e Uma Rota”, que deverá ter lugar em maio: “O que temos tido, por parte da China, é um grande acolhimento a envolver Portugal nessa estratégia (…) Portugal está muito atento a essa rota”.

O turismo em Portugal, com um crescimento nos últimos anos 3 vezes superior à média europeia (recordamos que a cidade do Porto foi recentemente galardoada com o melhor destino europeu de turismo em 2017), procura a captação de mais turistas chineses, cujos números, coincidentemente, ascenderam a um ritmo igualmente satisfatório (triplicaram os números nos últimos três anos), é também um dos objetivos a curto prazo.

Para esse fim, juntamente com a presença do Pop Galo na capital, foram referenciados o voo Hangzhou-Beijing-Lisboa (não só para servir o propósito do turismo, mas também dos negócios e de mobilidade de residentes chineses em Portugal), a colaboração da secretária de Estado do Turismo com entidades congéneres em várias cidades chinesas, e a criação de uma página dedicada a Portugal no Alitrip — um website de referência no que concerne ao turismo na China.

“Estamos a mover esforços neste sentido [promoção do turismo] e esperamos daqui a três anos voltar a triplicar estes números e dar as boas-vindas a mais turistas chineses em Portugal”, concluiu.