Internet ajuda a promover doação de órgãos na China

Fonte: Xinhua    16.03.2017 10h27

Beijing, 16 mar (Xinhua) -- Os serviços de internet na China não se limitam à entrega de comida, check-in em aeroportos ou procura de uma bicicleta na rua.

A mais recente novidade é o serviço de doação de órgãos.

Antes afetada por conceitos errados e procedimentos não transparentes, a internet hoje está apresentando um crescimento explosivo no número de pessoas que se declaram doadoras de órgãos.

Huang Jiefu, diretor-geral da Fundação de Desenvolvimento de Transplante de Órgãos da China, disse à Xinhua em paralelo às "duas sessões" que em dois dias o número de internautas que se declararam doadores foi igual ao total registrado nos escritórios da Cruz Vermelha em dois anos.

Em dezembro, a fundação de Huang, apoiada pela Comissão Nacional da Saúde e do Planejamento Familiar, iniciou uma função de doação de órgãos no Alipay, uma plataforma de pagamento online com 450 milhões de usuários.

Os usuários do Alipay podem facilmente se declarar doadores, pois já submeteram informações pessoais precisas para usar a plataforma de pagamento. Isso poupa os esforços da fundação para coletar e verificar os dados dos potenciais doadores.

Se alguém se arrepender, mesmo no leito de morte, pode ter o nome tirado da lista de doação com apenas alguns cliques, assinala Hong Junling, gerente de relações públicas da fundação.

Segundo Hong, após três meses, o número de doadores inscritos no Alipay ultrapassou 100 mil e continua aumentando.

"Com a internet, eu me declarei doador em só um minuto. A vida é curta, mas ao doar meus órgãos posso salvar as vidas dos outros e parte de mim vai viver dentro deles. Então, por que não?", afirmou um internauta que pediu anonimato.

Na China, cerca de 300 mil pacientes necessitam de transplantes de órgãos todos os anos.

Voluntários se tornaram a fonte única depois que o comércio de órgãos foi declarado ilegal em 2011 e o uso de órgãos vindos do sistema judiciário, proibido em 2015.

Em um levantamento realizado pela fundação, 83% dos entrevistados gostariam de doar os órgãos pós-morte. Entre os outros 17%, mais da metade não se declarou doador porque não sabia como fazer isso ou porque o processo era muito complicado.

Xiaolong (pseudônimo) foi diagnosticado com distrofia muscular progressiva quando tinha seis anos. No ano passado, aos 14, decidiu parar o tratamento.

Ele tinha vontade de doar órgãos, mas não sabia aonde recorrer. Só conseguiu contatar um banco de córnea da Cruz Vermelha após ele aparecer em um canal de televisão local.

A China tem 731 milhões de internautas, mais da metade da população. A internet está mudando a vida das pessoas de forma bem rápida, incluindo como participam da filantropia.

"A ampla disponibilidade e conveniência da internet facilitou significativamente a expressão de desejos de doação dos chineses", comentou Huang, membro do 12º Comitê Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPCh).

Embora nem todos os registrados se tornem doadores reais porque a lei outorga à família do morto a decisão final, haverá definitivamente mais doações a longo prazo, assinalou Huang.

Huang propôs que o seguro de saúde cubra os custos de transplante para que mais famílias de renda baixa possam pagar o serviço.

(Web editor: Juliano Ma, editor)

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