Por Sajjad Malik
O monarca da Arábia Saudita, Salman bin Abdul Aziz Al-Saud, iniciou uma visita histórica à China nesta última quarta-feira, como parte de uma série de esforços para reforçar os laços com os países asiáticos.
Antes de se dirigir à China, visitou a Malásia, Indonésia e o Japão, onde assinou vários acordos de promoção da cooperação económica.
A Arábia Saudita atravessa um período crítico na história. As mudanças na região e os realinhamentos globais criaram possibilidades para novas relações. Deste modo, um alvoroço para assegurar interesses começou. O processo teve início quando as potências globais, lideradas pelos EUA, assinaram um acordo colocar um término ao impasse nuclear com o Irã.
O acordo permitiu ao Irã se livrar das sanções internacionais e desempenhar um papel regional mais robusto. Um sinal disso mesmo foram as ações na Síria que ajudaram o presidente incumbente Bashar al-Assad a incrementar o seu estatuto após 6 anos de luta interna.
Isto significa que a política saudita para o afastar do poder pela via armada falhou. O Irã, juntamente com a Rússia, desempenhou um papel-chave na mudança do cenário de poder na Síria.
O dilema saudita aumentou desde a eleição do presidente americano Donald Trump, que não deu indicações claras relativamente ao modo como a sua administração deverá proceder na região. Após hesitação inicial, ele se comprometeu a alocar mais recursos para combater o Estado Islâmico - uma atitude bem recebida pela Arábia Saudita.
Porém, Trump não é claro com a sua posição face ao Irã e é altamente provável que a sua política com o aliado tradicional saudita não siga as antigas diretrizes.
As preocupações sauditas são estratégicas e económicas. É por esse motivo que o Rei Salman quer construir um grupo de aliados com quem contar num momento de crise. Esta longa viagem sem precedentes, que é também um pesadelo logístico para alguns, é baseada em cálculos refletidos.
A China tem os recursos e, possivelmente, a inclinação para apoiar a Arábia Saudita. A melhor parte da equação é que ambos os países parecem estar prontos para elevar os laços bilaterais a um novo patamar. O processo começara com a visita do Presidente Xi Jinping ao país em janeiro de 2016.
Mais tarde, o ministro da Defesa saudita, o Príncipe Mohammad bin Salman, filho do rei, visitou a China em agosto e abordou os laços para a defesa, resultando na realização de exercícios militares conjuntos em outubro. Agora, o Rei Salman quer ir mais além.