China dá mais um passo em direção à agricultura ecológica

Fonte: Xinhua    04.03.2017 15h14

Beijing, 4 mar (Xinhua) -- Os agricultores chineses aplicam 70% mais fertilizantes químicos que a média mundial, mas o país, em mais um passo para uma agricultura ecológica, está estimulando um menor uso das substâncias.

Em fevereiro o Ministério da Agricultura divulgou um plano de ação para testar a substituição de fertilizante em 100 distritos neste ano.

O programa-piloto cobrirá legumes produzidos em estufas no norte da China, maçãs cultivadas no planalto de Loess e na Baía de Bohai (noroeste) e importantes áreas de laranjas, tangerinas e chá.

As principais regiões de cultivo de fruta, legumes em estufa e chá devem reduzir o uso de fertilizante químico em pelo menos 20% até 2020, segundo o plano.

O programa faz parte dos esforços da China para a redução de fertilizantes químicos e uso de alternativas orgânicas.

A China consome um terço dos fertilizantes químicos no mundo.

Para cada mu (1/15 hectare) de fruta cultivada, o país usa duas vezes mais que o Japão, seis que os Estados Unidos e sete que a União Europeia.

Em legumes, são 12,8 quilos, 29,7 quilos e 31,4 quilos a mais, respectivamente.

Alguns agricultores já foram afetados pelo uso excessivo de fertilizantes químicos, um problema que atinge a produção de alto valor agregado.

Três anos atrás, Yue Zuozhong percebeu que a terra dele precisava de descanso depois de baixas produtividade e fertilidade causadas por esse excesso.

"A terra em minhas estufas de legumes ficou dura e impérvia. Não conseguia achar minhocas", disse Yue, da cidade de Shouguang, Província de Shandong (leste).

Yue decidiu reduzir o uso de fertilizantes químicos, apoiado pelo governo municipal. Ele recorreu a biofertilizantes e estrume de porco e frango para as duas estufas de legumes.

Um mu de legumes precisa de apenas 10 quilos de biofertilizantes e pouco estrume de porco e de frango. Com subsídios do governo, agricultores em Shouguang pagam no máximo 1.050 yuans (US$ 153) por tonelada de biofertilizante. O adubo de porco e frango custa cerca de 120 yuans por metro cúbico.

"Meus custos podem ser cortados pela metade atualmente, porém o mais importante é que com fertilizantes orgânicos a terra endurecida ficou macia de novo e mais facilmente penetrada pela água."

A China está incentivando a fertilização específica, uma integração da água e fertilizante, e promovendo controle ecológico de doenças e pragas para garantir que o consumo de fertilizantes e pesticida químicos parem de crescer até 2020.

Como um grande produtor agrícola e centro comercial, Shouguang fornece um terço dos legumes que Beijing consome. A cidade produz mais de 800 mil mu de legumes em estufa e desde 2010 incentiva usar fertilizantes orgânicos.

"A dependência ao longo prazo nos fertilizantes químicos para aumentar a produção resultou no endurecimento e salinação da terra, além da poluição ambiental", disse Guo Yuesheng, vice-chefe da Estação de Terra e Fertilizante de Shandong. "O uso impróprio também pode levar a um alto nível de metal pesado na terra, o que pode ameaçar a saúde das pessoas."

Os dados da pasta mostram que usar fertilizantes químicos danifica a fertilidade da terra, com cerca de 40% de terra utilizável degenerando.

"Fertilizantes e pesticidas químicos são aplicados na fonte da produção agrícola. Prevenir a entrada de poluentes na terra é fundamental para garantir a segurança de produtos agrícolas", disse Qin Qingwu, membro da Sociedade de Economia Agrícola da China.

Porém, fazer uma mudança é difícil, pois os fertilizantes químicos são muito mais baratos que as alternativas orgânicas e mais fáceis de transportar.

Para fornecer a mesma quantidade de nutrientes, os fertilizantes orgânicos custam quatro vezes mais, segundo Guo.

"Nós ainda temos um longo caminho para promover o uso de fertilizantes orgânicos", disse ele.

Yue afirmou que pouco pode ser alcançado sem apoio financeiro e ajuda de profissionais.

"Temos a esperança de que o governo possa continuar a nos subsidiar e oferecer ajuda para alcançar uma agricultura sustentável."

(Web editor: Juliano Ma, editor)

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