A política de Uma Só China, desafiada pelo presidente-eleito dos EUA, Donald Trump, é apoiada pelos partidos Democrata e Republicano, afirmou nesta quinta-feira o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, ao ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi.
Os analistas defendem que, através de um telefonema, Kerry pretendeu alertar Trump, que assumirá a presidência em 20 de janeiro, a não enfraquecer a fundação das relações sino-americanas como o presidente-eleito fez no mês passado — ao falar com o líder de Taiwan Tsai Ing-wen por telefone.
O apoio à política de Uma Só China se baseia nos três comunicados conjuntos entre os EUA e a China, reforçou Kerry durante o telefonema com Wang.
Os comunicados, emitidos nas décadas de 1970 e 1980, estabeleceram a fundação da restauração dos laços diplomáticos China-EUA.
Wang, notando que a relação sino-americana está em um período de transição, respondeu que os dois lados devem unir esforços a fim de manter os laços bilaterais na direção certa.
Ruan Zongze, vice-presidente do Instituto de Estudos Internacionais da China, afirmou que, como um veterano diplomata, Kerry está "bem ciente das graves consequências" do desafio à política de Uma só China, por um presidente dos EUA.
Ruan acrescenta que o telefonema também pode ser visto como um aviso a Tsai Ing-wen, que realizou telefonou a Trump no dia 2 de dezembro para o congratular, chamada que quebrou quatro décadas de precedente protocolo diplomático sino-americano.
Tsai, durante a viagem à América Latina, que se inicia amanhã (7), vai parar em em Houston e San Francisco para transferência de voo, no entanto, ainda não é claro se ela planeja se encontrar com alguém nos EUA.
Wang Hailiang, pesquisador de estudos de Taiwan na Academia de Ciências Sociais de Shanghai, reforça que desafiar a política de Uma Só China não beneficiaria os EUA, pois a China tomaria contramedidas para salvaguardar a soberania nacional.
"As relações sino-americanas sempre enfrentaram turbulência nos períodos de transição de poder dos EUA nas últimas décadas, mas finalmente estão no caminho certo", concluiu.