Especialistas africanos elogiam esforços da China por melhora dos laços com seu continente

Fonte: Xinhua    21.03.2016 15h52

Beijing, 21 mar (Xinhua) -- No contexto da atual visita à África do presidente do Comitê Permanente da Assembleia Popular Nacional (APN) da China, Zhang Dejiang, especialistas africanos elogiaram os prolongados esforços do país asiático para melhorar as relações com este continente e impulsionar seu desenvolvimento.

ÁFRICA SE BENEFICIA DO CRESCIMENTO DA CHINA

As reformas econômicas da China, que lhe permitiram tornar-se na segunda maior economia do mundo, trarão melhores perspectivas econômicas e de industrialização à África, afirmou Munene Macharia, especialista em relações internacionais da Universidade Internacional Norte-americano, em Nairóbi.

"A China ainda é o motor econômico, embora haja quem possa querer ultrapassá-la", afirmou Macharia em entrevista à Xinhua.

O diretor do Centro dos Estudos da China na Nigéria, Charles Onunaiju, enfatizou que as "duas sessões" deste ano -- as sessões plenárias da APN e da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês -- foram excepcionais e muito importantes, porque este é o primeiro ano de vigência do 13º Plano Quinquenal.

Para muitos países africanos, que têm a China como um parceiro e vêem suas estratégias de desenvolvimento como um padrão para seu próprio crescimento, as "duas sessões" são uma oportunidade instrutiva, afirmou Onunaiju.

Além disso, durante as "duas sessões", sempre se revisa o papel da China na África, sendo que nesta ocasião foram as implicações dos compromissos realizados pelo país asiático diante do continente na cúpula do Fórum de Cooperação China-África (FOCAC, em inglês), realizado no ano passado na África do Sul, disse Gerishon Ikiara, professor de economia da Universidade de Nairóbi.

Na cúpula do FOCAC, o presidente chinês Xi Jinping anunciou que Beijing contribuiria com assistência aos países africanos no valor de US$ 60 bilhões, em forma de créditos e subvenções para os esforços de industrialização, e ofereceria sua experiência técnica para melhorar a capacidade comercial do continente.

O economista da Standard Advisory (China) Limited, Jeremy Stevens, comentou que embora a economia chinesa possa continuar desacelerando-se, é provável que suas empresas continuem determinando o clima investidor, especialmente no setor de infraestrutura, o que tem ajudado a modernizar a África.

"A desaceleração da China combina com as necessidades da África porque haverá mais empresas chinesas querendo investir fora do país a fim de gerar crescimento econômico e criar um clima de investimento que se adaptaria a seus potenciais de crescimento econômico a longo prazo. A África se beneficiará", assegurou Stevens em uma entrevista com Xinhua.

RELAÇÕES CHINA-ÁFRICA AVANÇAM A NÍVEIS MAIS ALTOS

A relação entre a China e a África vai além dos acordos comerciais.

"Os Institutos Confúcio têm o objetivo de fazer com que as pessoas entendam a evolução da China e também que os chineses compreendam a África", disse o codirector do Instituto Confúcio na Universidade de Johanesburgo, David Monyae.

Monyae explicou que os Institutos Confúcio também provêem acesso ao financiamento chinês e estimulam o crescimento político e econômico dos países africanos.

Assim, destacou que os Institutos Confúcio relatam a história da China não sob o ângulo ocidental, mas através do contato direto com os chineses, o que elimina ideias equivocadas sobre a China.

Uma das resoluções adotadas na cúpula do FOCAC do ano passado foi fortalecer os intercâmbios de pessoal, disse Monyae, que confia que os Institutos Confúcio possam contribuir com este trabalho.

"Em todas as relações há diferenças. Quando acontecem frições por falta de entendimento no comércio, o entendimento trazido pelos Institutos Confúcio se apresenta", refletiu.

A China também ajuda a África a enfrentar a caça furtiva ilegal.

O papel da China em promover a conservação da vida selvagem ajudou o crescimento econômico em países dependentes do turismo, disse à Xinhua o porta-voz do Serviço da Vida Selvagem do Quênia, Paul Udoto.

Segundo Udoto, os esforços infatigáveis da China na proteção da fauna e flora silvestres africanas conduziram a uma queda da caça furtiva e a uma redução acentuada no valor do marfim bruto no país asiático durante os últimos dois anos, dando a esperança de que a matança de elefantes africanos possa ser freada finalmente.

Beijing fez grandes esforços em incentivar seus meios de comunicação e cidadãos a participar das atividades de conservação da fauna e flora silvestres na África através de plataformas digitais para, deste modo, aumentar a consciência das pessoas sobre o status e o valor da riqueza natural africana, comentou o diretor de Programas do Campo da Região da África da Conservação Natural, Charles Oluchina.

(Editor:Juliano Ma,editor)

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