À conversa com o professor Sérgio Santos: Experiências de ensino na China e Portugal

Fonte: Diário do Povo Online    17.03.2016 10h38

Por Mauro Marques

Portugal e a China atravessam uma fase de revitalização de um legado histórico de influência mútua que conta com sensivelmente meio milénio de existência. A relação lusa com o gigante asiático, embora marcada por um início efusivo de experimentalismo, não apenas de natureza comercial, ao qual o grosso da presença portuguesa nos mares do oriente se dedicou, mas também científico em Macau e Pequim, acabou por dar entrada num hiato prolongado onde ambas as nações voltaram as costas devido a períodos históricos conturbados nos dois lados do mundo. As sementes deixadas pelos descobrimentos portugueses enquanto veículo de sabores, modas, pensamentos e saberes ao longo da extensão dos oceanos, eclodiram no frenesim tecnológico a que chamamos de globalização. É esta mesma globalização que anuncia um novo zarpar das naus e da natureza curiosa dos lusos rumo a uma nação repleta de contornos exóticos mas com uma silhueta familiar.

O Diário do Povo Online foi conversar com um dos portugueses diretamente envolvido na reaproximação dos dois países, o Vítor Sérgio Mendes dos Santos, de 28 anos de idade, que é atualmente finalista do mestrado em Estudos Interculturais Luso-chineses na Universidade do Minho.

Ao seu fascínio pelo extremo oriente acumula-se a paixão pelo ensino, que já brotara antes de tomar contacto com a ásia. Os bons resultados e a motivação demonstrada enquanto aluno premiaram-no com duas oportunidades pelas quais ansiava – ser professor na China e em Portugal (na Universidade Sun Yat-sen e na Universidade do Minho, respetivamente). O professor-aluno poliglota teve primeiramente a oportunidade de ensinar o idioma de Camões a alunos chineses. No primeiro semestre do presente ano letivo fez parte do grupo de professores de língua chinesa da turma do primeiro ano da licenciatura da qual também foi aluno. Agora está responsável pela lecionação da unidade curricular “Comunicação Intercultural”, que conta com uma desafiante turma mista de alunos portugueses e chineses.

O encontro do Sérgio com o ensino e com as línguas deu-se por acaso, numa fase da vida que descreve como “menos positiva”. Durante este período, em que prosseguia com grande desmotivação os estudos noutra área académica, surge uma oportunidade que viria a definir a sua vocação: ensinar inglês numa escola de línguas. Um desafio que aceitou sem grandes expectativas, viria a revelar-se numa paixão, que abraçou, e da qual guarda as melhores recordações. Como o próprio refere, a experiência como professor viria “dar alguma luz a esses anos mais complicados”.

O ensino da língua inglesa, assim como a tomada de contacto com a cultura asiática, levaram o nosso convidado a tomar a difícil decisão de relançar a vida académica do zero. A escolha, como os factos comprovam, revelou-se acertada.

Indagado relativamente à pluralidade desta experiência profissional, o Sérgio respondeu de forma sumária: “Após ter estado o ano passado a ensinar na China, voltar a Portugal para ensinar chinês é uma experiência superinteressante”.

O professor refere que aquilo que contribui para o enriquecimento da experiência é “o facto das línguas que ensino serem tão diferentes das línguas maternas dos meus alunos. Isto torna a aprendizagem mais desafiante para o aluno e o ensino para o professor”. A experiência acumulada enquanto aluno, salienta, é um instrumento muito útil, “…como já estive do lado deles, conheço as dificuldades que vão atravessar”.

Aceda ao link abaixo para a segunda parte desta série:

Sérgio老师 (professor), a aventura na China

(Editor:Renato Lu,editor)

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