Stephen Roach: Considerações sobre a economia global (2)

Fonte: Diário do Povo Online    13.03.2016 11h40

Correspondente do Diário do Povo entrevista Stephen Roach (Foto: Bian Hong)

De acordo com a ótica do investigador, a economia europeia basicamente não cresceu durante os últimos 8 anos, tendo os efeitos das crises de dívida em Itália, Portugal, Espanha, Grécia e Irlanda estado sempre no pano de fundo ao longo deste período.

Os países europeus tiveram também que se debater com problemas bancários e consequências de coordenação deficiente de políticas fiscais. Embora o euro tenha enfraquecido, o crescimento não foi significativamente afetado.

Roach indica também que a China deve poupar menos e começar a consumir mais. Ele acredita que a desaceleração económica se reflete em dois campos em específico. Em primeiro, refere a debilidade da economia mundial, que tem um impacto considerável nas exportações chinesas. Em segundo, o foco de Beijing nas reformas estruturais, que visa migrar uma economia predominantemente manufatureira para uma onde o setor dos serviços impere; de uma economia impulsionada por exportações e investimento para uma economia dependente da força do consumo. Embora Roach faça notar que tais mudanças estruturais conduzam invariavelmente a um crescimento mais lento, ele permanece “muito optimista” relativamente à economia do gigante asiático.

Ao analisar as políticas das maiores economias do mundo, Roach refere que a UE e o Japão foram as que obtiveram menor sucesso. A China está definitivamente a conseguir avanços no sentido de alterar o modelo de crescimento para um de consumo. Os EUA não conseguiram tanto progresso como seria de esperar, pois a economia do país depende demasiado em estímulos monetários. Se a quebra de produtividade que se tem verificado não for tomada em consideração, “a performance económica continuará a ser fraca”. O investigador sugere que Washington precisa de focar-se mais numa política fiscal de longo prazo e melhorar os índices de competitividade do país, ao invés de buscar ganhos imediatos sem bases de sustentabilidade.

De acordo com Roach, durante os últimos 10 anos, o contributo da China para o crescimento global foi mais do dobro do de todas as economias desenvolvidas juntas. Embora o abrandamento do crescimento económico da China se traduza num impacto reduzido do país no crescimento global, mesmo com taxas de crescimento na ordem dos 6%, o seu contributo será ainda capaz de contribuir mais do que as economias desenvolvidas.

Edição: Mauro Marques 


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(Editor:Renato Lu,editor)

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