PEQUIM, 12 de outubro (Diário do Povo Online) - “Quando comprei meu celular, já estava obsoleto”, disse Sr. Chen, que trabalha em Shenzhen, cidade no sul da China que lidera a indústria eletrônica do país.
O exemplo do Sr. Chen não é um caso isolado. Hoje em dia, com a rápido desenvolvimento dos celulares, o tratamento dado aos aparelhos abandonados se tornou um grande problema. Segundo dados estatísticos do Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação da China, o número de usuários de celulares no país atingiu 1.146 milhão. Em 2014, 425 milhões de celulares foram vendidos na China, enquanto o número de novos usuários contratados foi somente 56.980 mil, demonstrando que o país tem cada vez mais celulares obsoletos.
“Todos os anos, 90% do aumento no número de celulares na China vem da troca de celulares velhos para novos”, afirmou Sun Wenping, presidente da Associação da Indústria de Celulares de Shezhen. Isto significa que dos 425 milhões de celulares vendidos em 2014, cerca de 400 milhões foram abandonados por causa do avanço da tecnologia, como por exemplo, o desenvolvimento da tecnologia de 2G para 4G. Agora, muitas pessoas começam a usar os chamados smartphones. “Outras pessoas trocaram de celular porque os seus aparelhos estavam quebrados ou fora de moda,” disse Sun.
A troca frequente de um grande número de celulares causou o aumento significativo do lixo eletrônico.
Segundo Sun, atualmente, a maioria dos celulares descartados são remodelados e vendidos no mercado de segunda mão. Os celulares que não podem ser usados diretamente são desmontados e algumas das suas partes reutilizadas. Os celulares que são completamente inúteis são descartados.
De acordo com o Sr. Zhang, negociante de celulares em Shenzhen, a maioria dos celulares vendidos ali é remodelado ou têm algumas de suas partes vindas de celulares obsoletos. “Mas ninguém sabe onde foram parar as partes inúteis”, disse.
Especialistas indicaram que um celular obsoleto contém pelo menos 20 tipos de substâncias perigosas que podem contaminar o meio-ambiente. O tratamento inadequado ou o descarte irregular destes celulares pode contaminar gravemente o solo e as águas subterrâneas, além de ameaçar gravemente a humanidade. Segundo eles, “uma bateria de celular pode contaminar 60 mil litros de água, quantidade sufuciente para satisfazer a demanda de água de uma pessoa por toda a vida”.
No entanto, com o tratamento adequado, os celulares obsoletos são uma “montanha de ouro”. Segundo informações, alguns componentes do celular têm vários tipos de materiais valiosos, tais como 0,01% de ouro, 20%-25% de cobre e 40%-50% de plásticos recicláveis. Depois de serem desmontados, os celulares obsoletos são esmagados, mas as placas-mãe são usadas para se fazer o refino de metais raros, tais como outro, prata, platina e paládio.
“De fato, atualmente, o maior problema da reciclagem dos celulares vem dos usuários”, assinalou Sun. Os celulares são abandonados ou vendidos como lixo, o que aumenta a possibilidade de contaminação do meio-ambiente. Para Sun, “o governo deve reforçar a orientação sobre isso”.
Em 2013, a empresa Tecnologia Taolv, uma plataforma focada na indústria de recursos renováveis, cooperou com o Distrito Longgang de Shenzhen e fundou pontos de serviços de reciclagem de celulares obsoletos em oito comunidades diferentes onde os habitantes podem trocar os celulares velhos por lembrancinhas. Além disso, a empresa oferece 1,5 yuan por cada celular que ela recicla. O dinheiro é destinado para ajudar estudantes de baixa renda.
Sun disse que a China já começou a prestar atenção a este problema. Em 2014, o Departamento de Economia, Recursos e Proteção Ambiental da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma do país estava aberto ao público para comentários sobre o rascunho do catálogo de tratamento dos produtos eletrônicos abandonados, no qual os celulares foram listados como uma questão importante a ser resolvida. Isto vai acabar com o caos no descarte de celulares e estimular empresas formais a abrir negócios na área de reciclagem dos aparelhos.
Tradução: Chen Ying
Revisão: Rafael Lima