Seattle, o primeiro ponto de paragem do presidente Xi

De todas as questões em torno da visita do presidente Xi aos EUA, havia uma bastante curiosa, relacionada com o porquê da sua primeira paragem em solo americano ser a cidade de Seattle.

Cui Tiankai, o embaixador chinês nos EUA, disse que várias localidades no país demonstraram interesse em receber o presidente e a sua comitiva.

Foi complicado para o embaixador fazer a seleção dos sítios a incluir no roteiro do presidente, tendo em conta que a sua agenda é apertada demais para poder aceitar todos os convites recebidos. Deste modo, a sua tarefa era fazer recomendações.

De acordo com especialistas chineses nas relações entre os dois países, Seattle, na costa oeste, é um bom ponto de paragem, devido a contrabalançar com a distância geográfica de Washington, na costa este. Apontam também o facto de ser dos locais mais próximos da China como fator a ter em conta.

Chen Fengying, um especialista em economia mundial no Instituto Chinês de Relações Internacionais Contemporâneas, disse: “A costa oeste dos EUA, incluindo Seattle, tem várias cidades conhecidas pela tecnologia e inovação. Seattle alberga sedes de empresas como a Microsoft, Boeing, entre outras grandes empresas”. Estas empresas de renome têm fortes ligações com a China.

“A visita do presidente Xi não terá significado apenas para a cooperação entre os dois países no setor da tecnologia, mas também se extende aos governos de ambos os países”, acrescentou Chen.

Su Ge, presidente do Instituto de Estudos Internacionais da China, disse que Seattle cresceu ao ponto de se tornar no “segundo Silicon Valley”, sendo um local de referência para o programa “Internet Plus” da China.

Contudo, analisa a escolha de Seattle sobretudo em termos económicos. “As relações económicas estão na base das relações sino-americanas. Elas são fundamentais para o melhoramento da cooperação entre os dois países. Nesse sentido, Seattle é uma excelente escolha.”

O estado de Washington, onde Seattle se situa, registou um volume de trocas comerciais na ordem dos 29 biliões de dólares com a China no ano transato, totalizando cerca de um quarto do total do comércio externo do estado. Washington é o único estado norte-americano que tem um superávit comercial com a China. De todos os seus artigos de exportação, a Boeing vendeu 155 aviões à China no ano passado.

Su disse também que Seattle demonstra que a China está disposta a manter trocas com todos os setores dos EUA, dado que estarão presentes na cidade representantes do comércio, educação, e vários outros setores.

De acordo com o ministro dos negócios estrangeiros Wang Yi, o facto do presidente Xi começar o seu trajeto em Seattle revela também a disponibilidade do presidente para o contacto direto com o público americano, incluindo oficiais locais e representantes de várias organizações.

Tao Wenzhao, um investigador de estudos americanos na Academia Chinesa de Ciências Sociais, afirma que Seattle desempenha um papel importante nas relações económicas e comerciais com a China. Curiosamente, Seattle esteve também incluida no roteiro de Deng Xiaoping na sua visita de estado em 1979. A cidade fora a última paragem da visita.