
As negociações oficiais para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) começaram na segunda-feira em Belém, após um acordo alcançado na noite anterior sobre a Agenda de Ação, que define as prioridades e os temas que nortearão os trabalhos até 21 de novembro, data de encerramento da conferência.
A agenda, inicialmente planejada para incluir 100 itens, foi ampliada para 111 temas prioritários, acordados pelos 194 países participantes e pela União Europeia. Entre eles, estão o financiamento climático, o comércio internacional, a revisão das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) e a avaliação do Relatório Bienal de Transparência.
A agenda foi finalizada por volta das 23h de domingo, após longas discussões sobre a inclusão de oito novos itens.
Segundo Túlio Andrade, Diretor de Estratégia e Alinhamento da COP30, uma das questões - a implementação do Balanço Global de Terras (GSB) em áreas florestais - foi retirada voluntariamente para evitar que o impasse afetasse o início das negociações. Outras, como "saúde e clima", foram incorporadas às discussões sobre adaptação.
Andrade informou que as questões pendentes, como as condições especiais para a transição climática em países africanos e os impactos em regiões montanhosas, serão avaliadas diretamente pela presidência da conferência. "Elas serão submetidas a consultas com a presidência, que conduziremos a partir de hoje. Na quarta-feira, teremos uma sessão plenária para informar a todos sobre a decisão final", explicou.
Em uma coletiva de imprensa, o Presidente da COP30, Embaixador André Corrêa do Lago, agradeceu às delegações pelo empenho em alcançar o acordo no dia anterior. "Devo agradecer a todas as delegações pelo fantástico acordo alcançado ontem à noite. Este consenso não só nos permite começar com força hoje, como também explicar ao mundo a importância dos recursos adicionais em jogo", afirmou.
As discussões da COP30 serão organizadas em blocos temáticos nos próximos dias, com ênfase em adaptação, cidades, infraestrutura, água, bioeconomia, ciência, saúde, educação, justiça, energia, indústria, comércio, finanças e gestão ambiental, entre outros tópicos. Os debates também abordarão questões relacionadas a povos indígenas, comunidades tradicionais, jovens, mulheres e afrodescendentes, com o objetivo de construir soluções inclusivas e acelerar a ação climática global.
Com a agenda finalmente aprovada, as discussões de Belém caminham para uma etapa decisiva, na qual os compromissos devem ser traduzidos em acordos concretos, com metas, cronogramas e recursos definidos para enfrentar as mudanças climáticas.