
Ao entardecer em Dili, capital de Timor-Leste, o crepúsculo cobre a cidade como seda, enquanto as águas da Baía de Tibar, nos subúrbios ocidentais, brilham com um tom laranja-dourado. Guindastes sobem e descem constantemente em meio às operações de manuseio de contêineres no Porto de Tibar. À luz do pôr do sol, podiam-se ver as figuras ocupadas dos trabalhadores.
Construído por empresas chinesas, este porto é um dos projetos de infraestrutura mais simbólicos de Timor-Leste desde a restauração da sua independência em 2002. Para este país jovem, com cerca de 15 mil quilômetros quadrados e uma população inferior a 1,4 milhão de pessoas, a atividade movimentada do porto simboliza o seu impulso em direção à integração econômica regional.
Os abundantes recursos de petróleo e gás de Timor-Leste trouxeram riqueza, mas também dependência. O Fundo Petrolífero, criado em 2005, servia como uma tábua de salvação fiscal com excedentes substanciais. Hoje, porém, o declínio da produção e a volatilidade das receitas corroeram a sua estabilidade. No fim de 2024, o saldo do fundo tinham caído para US$ 18,2 bilhões, com os rendimentos em declínio.
Além disso, um terço dos cidadãos timorenses vive com menos de US$ 2 por dia, enquanto mais da metade não tem acesso à água potável segura. Fatores como a disparidade de riqueza e a monocultura econômica tornaram o caminho do desenvolvimento de Timor-Leste repleto de desafios.
Em sua jornada para superar as adversidades e avançar rumo à modernização, a China tem sido um parceiro firme ao lado de Timor-Leste. Ao longo dos anos, construtoras chinesas participaram de vários importantes projetos de infraestrutura em todo o país, incluindo portos, estradas e instalações de energia, fornecendo um apoio robusto para lidar com os gargalos de transporte e energia.
A autoestrada de Suai, o maior projeto de infraestrutura de transporte de Timor-Leste desde a recuperação da independência e sua primeira via expressa, foi construída por uma joint venture entre a China Overseas Engineering Group Co., Ltd. (COVEC) e a China Railway First Group Co., Ltd. (CRFG). Desde a inauguração, em 2018, esta via arterial melhorou significativamente as condições de transporte locais e elevou a conectividade regional.
Li Shengnan, chefe da sucursal em Timor-Leste da COVEC disse que o projeto tem proporcionado benefícios sustentáveis desde a sua conclusão, fornecendo um apoio robusto ao desenvolvimento socioeconômico de Timor-Leste, ao mesmo tempo que acumula uma experiência valiosa para futuras colaborações.
Nos últimos anos, a cooperação entre a China e Timor-Leste expandiu-se em vários domínios. O projeto de demonstração de arroz híbrido da China permitiu aos agricultores locais obterem colheitas abundantes; numerosos jovens timorenses receberam bolsas de estudo do governo chinês para prosseguirem estudos avançados na China; equipes médicas chinesas mantêm uma presença permanente no local, prestando serviços de saúde à comunidade por meio de sua experiência e dedicação.
No centro da cidade de Dili, um campo de futebol costeiro construído com a ajuda da China tornou-se a "nova sala de estar" dos cidadãos. Manuel, um jovem local, disse ao repórter com um sorriso: "Antes, as crianças só podiam jogar futebol em terrenos arenosos. Agora têm um lugar seguro e limpo para brincar. As pessoas costumam se reunir aqui para conversar e se exercitar, e o ambiente da comunidade está mais harmonioso do que antes."
Enquanto a cooperação bilateral continua a fortalecer-se, novas oportunidades regionais também apresentam novas perspectivas para Timor-Leste. Foi inaugurada a 47ª Cúpula da ASEAN em Kuala Lumpur, na Malásia, no dia 26 de outubro, quando Timor-Leste se tornou formalmente o 11º Estado-membro da ASEAN, perante a presença de líderes dos países da ASEAN.
Mica Barreto Suarez, professora sênior da Universidade Nacional Timor Lorosa'e, disse que embora o mercado de Timor-Leste seja limitado, o país pode aproveitar os recursos existentes para se alinhar às oportunidades apresentadas pela ASEAN.
Olhando para o futuro, o jornalista timorense Jacobo Ximenes disse que: "Como o país mais jovem da Ásia, Timor-Leste continua em fase de formação. O seu futuro depende tanto da governança e das reformas internas quanto da cooperação e do apoio externos. A história de Timor-Leste é de um pequeno país que persegue seus sonhos e de parceiros que avançam de mãos dadas."
Desde os contêineres no Porto de Tibar ao tráfego ao longo da autoestrada de Suai, desde as crianças que jogam futebol a um assento na mesa de conferências da ASEAN, este país jovem esforça-se por encontrar o seu próprio ritmo através da cooperação e da transformação.