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Lula critica postura dos EUA sobre tarifas e diz que Trump não quer conversar

Fonte: Xinhua    08.09.2025 08h34

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a postura do governo americano nesta sexta-feira e disse que não considera necessário telefonar para seu colega Donald Trump para discutir a recente decisão de Washington de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, porque o presidente americano não quer conversar.

Em entrevista ao SBT, Lula afirmou que a medida é claramente de cunho político, não econômico. "Não, não passou da hora porque ele não quer conversar. Tenho o vice-presidente Geraldo Alckmin, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, para dialogar. Pergunte se alguém tem um interlocutor nos Estados Unidos: não tem. Os americanos estão se comportando politicamente em relação ao Brasil", declarou.

O presidente brasileiro acusou diretamente o governo americano de vincular sanções comerciais aos processos judiciais que o ex-presidente Jair Bolsonaro enfrenta no Supremo Tribunal Federal (STF).

"A carta do Trump mostra que (a decisão do tarifaço) é política. A carta do Trump se intromete no Poder Judiciário brasileiro, se intromete na soberania brasileira, se intromete na legislação brasileira. Isso não existe em lugar nenhum do mundo. Cada um dá palpite no seu quintal, cuida do seu galinheiro. O nosso, nós cuidamos".

Apesar das críticas, Lula reiterou que está disposto a negociar com Washington quando os EUA estiverem dispostos. "Se tem uma coisa que aprendi na vida, foi negociar, mesmo com magnatas. No dia em que Trump quiser negociar, terá um metalúrgico pronto para negociar. O Lula da paz e do amor está de volta", disse.

O presidente brasileiro alertou que a política tarifária americana também terá repercussões negativas dentro do próprio país. "Se os Estados Unidos acreditarem que seu presidente se tornou um imperador e pode ditar regras para o mundo, verão o que pode acontecer. O que acontecerá nos Estados Unidos é que seu povo pagará mais pelos produtos que compra do Brasil", alertou.

O governo Trump anunciou em agosto uma tarifa adicional de 50% sobre produtos brasileiros, com algumas exceções, e condicionou qualquer negociação à suspensão do julgamento contra Bolsonaro por seu envolvimento em uma tentativa de golpe em 2023. Tanto o Palácio do Planalto quanto o Supremo Tribunal Federal rejeitaram imediatamente a demanda, considerando-a interferência nos assuntos internos do país.

Além das tarifas, Washington aplicou sanções unilaterais contra autoridades brasileiras, incluindo o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, por meio da Lei Magnitsky, que restringe transações financeiras internacionais de pessoas físicas e jurídicas designadas.

Lula enfatizou que o Brasil não aceitará pressões externas e defendeu a soberania nacional diante das medidas americanas. "O Brasil tem instituições sólidas e um povo que não se submeterá a chantagens", concluiu.

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