O Ministro de Portos e Aeroportos do Brasil, Silvio Costa Filho, e o presidente da Autoridade Portuária de Santos, Anderson Pomini, destacaram nesta quarta-feira a importância de se avançar na agenda de descarbonização do transporte marítimo e portuário, criticando a postura dos Estados Unidos e enfatizando o papel da China como parceira estratégica em investimentos sustentáveis.
Durante reunião com jornalistas internacionais, incluindo a Xinhua, Costa Filho afirmou que o Brasil está comprometido com a meta global de reduzir as emissões de carbono no setor marítimo em 50% até 2050, em linha com os acordos da Organização Marítima Internacional (IMO). O ministro instou Washington a não impor medidas punitivas que prejudiquem os países que buscam cumprir seus compromissos ambientais.
"É muito importante que os Estados Unidos entendam a importância deste acordo para o planeta. Não pode haver ameaças de sanções ou penalidades contra aqueles que buscam preservar o meio ambiente. Esperamos que os americanos tenham uma visão mais aberta em relação a essa agenda de sustentabilidade", afirmou.
O Ministro dos Portos destacou que o Brasil está avançando com projetos de portos verdes, Combustíveis Sustentáveis de Aviação (SAF) e a primeira concessão hidroviária de sua história, vinculada à Hidrovia do Paraguai, que reduzirá custos logísticos e emissões.
Por sua vez, o presidente do Porto de Santos, Anderson Pomini, foi mais direto em suas críticas a Washington. Segundo ele, enquanto o governo americano ameaça retaliações e tarifas contra países que buscam preservar o meio ambiente, a China está se adaptando e investindo em soluções.
"Os americanos estão indo na contramão do mundo. A preservação ambiental é hoje um clamor global. Os chineses, embora expressem suas posições em fóruns internacionais, adaptam-se às regras locais e investem com responsabilidade", enfatizou.
Pomini enfatizou que a cooperação com a China vai além dos investimentos. "A China possui a maior frota mercante do mundo e é um parceiro essencial para o comércio internacional. Em Santos, além da expansão da infraestrutura portuária, as empresas chinesas estão apoiando iniciativas de preservação ambiental, como a restauração de áreas degradadas para uso da comunidade local", acrescentou.
Ambos os representantes concordaram que a COP30, que o Brasil sediará em 2025, será uma oportunidade de mostrar ao mundo o progresso do país na transição para uma logística mais limpa e sustentável.
Costa Filho informou que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva planeja investir mais de 250 bilhões de reais (aproximadamente 44,2 bilhões de dólares) em concessões de portos, aeroportos, rodovias e hidrovias até 2025, em parceria com a iniciativa privada.
"O Brasil quer crescer com responsabilidade socioambiental. Não se trata apenas de fortalecer Santos, que representa mais de 30% do nosso comércio exterior, mas também de descentralizar e modernizar toda a malha portuária nacional", afirmou o ministro.