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Tesouro dos Estados Unidos entra em contato com governo brasileiro para discutir tarifas

Fonte: Xinhua    01.08.2025 13h42

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, informou na quinta-feira que o Departamento do Tesouro dos EUA contatou o governo para agendar uma reunião para discutir o aumento de tarifas imposto pelo governo Donald Trump sobre parte das exportações brasileiras.

A última reunião entre a Fazenda e o secretário do Tesouro, Scott Bessent, ocorreu em maio, antes do anúncio da tarifa de 50%.

"A equipe do secretário Bessent nos contatou ontem e, eventualmente, agendaremos uma segunda conversa. A primeira, como anunciado anteriormente, foi em maio, na Califórnia. Agora haverá uma rodada de negociações e apresentaremos nossa perspectiva às autoridades americanas", disse Haddad.

O ministro enfatizou, porém, que este é apenas o ponto de partida das negociações. "Estamos em um ponto de partida mais favorável do que imaginávamos, mas longe do ponto final. Há muita injustiça nas medidas anunciadas ontem", observou.

Nesta quarta-feira, o governo dos Estados Unidos anunciou oficialmente o aumento das tarifas, com a retirada de quase 700 produtos da lista. Segundo estimativas, 43% dos valores exportados não foram afetados pelas tarifas. No setor de mineração, aproximadamente 25% dos produtos foram taxados.

Apesar das exceções, Haddad afirmou que o impacto é drástico para alguns setores e que nos próximos dias o governo anunciará medidas para ajudar as empresas afetadas pelas tarifas.

"Há casos que são drásticos e devem ser considerados imediatamente. Lançaremos parte do nosso plano, previsto para os próximos dias, para apoiar e proteger a indústria e os empregos", observou.

O pacote de ajuda aos setores afetados incluirá linhas de crédito e apoio às empresas. Haddad destacou que é necessário proteger aqueles que ainda são afetados, especialmente os setores menores e mais frágeis.

"Há setores que, na pauta de exportação, não são significativos, mas o impacto sobre eles é muito grande. Às vezes, o setor é pequeno, mas é importante para o Brasil manter os empregos", explicou.

Mesmo setores importantes, como o de matérias-primas (commodities), que têm mercado global, terão que se adaptar, avaliou o ministro.

"Obviamente, há setores afetados cuja solução de curto prazo é mais fácil por ser uma commodity que tem mercado global, mas mesmo esses levarão algum tempo para se adaptar. Um contrato não se muda da noite para o dia. Temos que analisar cada caso individualmente, e para isso teremos as linhas de crédito", afirmou.

Haddad também reiterou que a tentativa de interferência no julgamento que acusa o ex-presidente Jair Bolsonaro de tentativa de golpe no Supremo Tribunal Federal (STF) não pode entrar na mesa de negociações, já que o Judiciário é um poder independente do Executivo.

"Talvez o Brasil seja uma das democracias mais amplas do mundo, ao contrário do que sugere a Ordem Executiva (de Trump). Precisamos esclarecer que perseguir o ministro da Suprema Corte não é o caminho para a reaproximação entre os dois países", afirmou.

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