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Ministro da Fazenda do Brasil denuncia motivações políticas no aumento de tarifas dos Estados Unidos

Fonte: Xinhua    11.07.2025 13h27

O ministro da Fazenda do Brasil, Fernando Haddad, afirmou na quinta-feira que a imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros pelo governo americano carece de fundamento econômico e tem motivação política, afirmando que a medida foi "arquitetada" pela família do ex-presidente Jair Bolsonaro, tanto do Brasil quanto dos Estados Unidos.

Em entrevista ao programa "Barão Entrevista", do Canal do Barão, do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, Haddad descreveu a decisão do governo americano de impor tarifas pesadas sobre as importações do Brasil como "irracional".

"Eu acredito que essa decisão é uma decisão eminentemente política, porque ela não parte de nenhuma racionalidade econômica. Não há racionalidade econômica no que foi feito ontem [quarta], uma vez que os Estados Unidos, como todos sabem, é superavitário com relação à América do Sul como um todo, e ao Brasil também", afirmou Haddad.

"O Brasil como um todo, nos últimos 15 anos, teve um déficit de bens e serviços de mais de US$ 400 bilhões dos EUA, então não há racionalidade econômica na medida que foi tomada", prosseguiu.

O ministro foi além ao apontar diretamente o deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente, como o arquiteto do aperto comercial. "A única explicação plausível para o ocorrido ontem é que a família Bolsonaro planejou esse ataque contra o Brasil com um objetivo específico: escapar do processo judicial em andamento", afirmou o ministro.

Segundo Haddad, a carta enviada pelo presidente Trump ao governo brasileiro menciona explicitamente o processo judicial enfrentado por Jair Bolsonaro como um dos motivos para a imposição das novas tarifas. O ex-presidente brasileiro está sendo investigado por seu suposto envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.

"Eduardo Bolsonaro (filho do ex-presidente) chegou a dizer publicamente que, se o perdão não fosse concedido, a situação tenderia a piorar. Ele disse isso abertamente, o que nos leva a crer que esse ataque à soberania nacional foi promovido por forças extremistas domésticas", enfatizou o ministro da Fazenda.

Apesar da gravidade da situação, Haddad expressou confiança de que a crise comercial pode ser superada por meio de ações diplomáticas. "Não creio que essa situação se perpetue. Nossa diplomacia é reconhecida internacionalmente como uma das mais profissionais. O Itamaraty sabe negociar", disse, referindo-se à chancelaria brasileira.

O ministro ressaltou que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem mantido canais de diálogo abertos com o governo norte-americano e que há uma disposição permanente para alcançar entendimentos baseados na cooperação internacional e no respeito mútuo.

"A relação entre Estados não pode ser comprometida por potenciais divergências políticas. Sempre estivemos comprometidos com o entendimento e temos interesses comuns que podem enriquecer ambos os países. Esse tipo de atitude unilateral responde unicamente a interesses egoístas", acrescentou.

O governo brasileiro acredita que, dadas as inconsistências econômicas da medida e as ações proativas de sua diplomacia, há espaço para reverter a decisão do governo americano e restaurar condições justas no comércio bilateral.

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