Parlamentares dos países membros e parceiros do BRICS criticaram medidas protecionistas unilaterais durante o 11º Fórum Parlamentar do BRICS, organizado pelo Brasil, que ocupa a presidência rotativa do bloco em 2025.
Durante o encontro realizado nesta terça-feira em Brasília, presidentes das comissões de relações exteriores de 15 países expressaram preocupação com os efeitos negativos da guerra comercial promovida pelos Estados Unidos desde abril deste ano. Suas críticas se concentraram nas tarifas unilaterais e no uso estratégico de políticas ambientais para justificar barreiras comerciais.
O senador Nelsinho Trad, presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado brasileiro, liderou o encontro e denunciou o aumento de medidas protecionistas "injustificadas e contrárias às regras da Organização Mundial do Comércio (OMC)".
"Estamos profundamente preocupados com o aumento indiscriminado de medidas tarifárias e não tarifárias e com o uso abusivo de políticas verdes para fins protecionistas", afirmou o parlamentar brasileiro. Trad defendeu o aumento do comércio entre os países do BRICS e reafirmou o compromisso do bloco com o multilateralismo.
O vice-presidente da Comissão de Relações Exteriores da Assembleia Popular Nacional da China, o deputado Wang Ke, destacou que o BRICS está se tornando cada vez mais a espinha dorsal da cooperação no Sul Global e o motor do crescimento, e o mecanismo precisa fortalecer a unidade e a cooperação e salvaguardar, com esforços conjuntos, os direitos e interesses legítimos dos países.
Ali Al-Nuaimi, representante do Parlamento dos Emirados Árabes Unidos, observou que a arquitetura global que emergiu após a Segunda Guerra Mundial não existe mais e enfatizou a necessidade de usar o BRICS para "construir pontes" entre os povos. "O princípio do BRICS é que todos podem ganhar, não que um ganhe e o outro perca", afirmou.
Representante da Assembleia Legislativa da Índia, o deputado Vijay Baghel também disse que seu país acredita nos princípios do multilateralismo e numa "ordem global equilibrada e justa".
"No atual cenário, são grandes as oportunidades, diante dos complexos desafios econômicos e as tensões geopolíticas, incluindo as tendências protecionistas e sanções que causam crise global", destacou.
Um dos destaques do fórum foi a proposta de fortalecer o comércio entre os países do BRICS por meio do uso de moedas locais, em substituição ao dólar americano. O deputado indonésio Mardani Ali Sera, cujo país se tornou membro permanente do bloco este ano, enfatizou que essas formas de pagamento fortalecem a resiliência econômica do grupo.
Da África do Sul, o deputado Supra Mahumapelo destacou os benefícios que seu país obteve como membro do BRICS e elogiou a gestão do Novo Banco de Desenvolvimento, atualmente presidido pela ex-presidente brasileira Dilma Rousseff. Mahumapelo defendeu a reforma de instituições multilaterais.
Inicialmente formado pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, o grupo de países incluiu, no ano passado, os seguintes membros permanentes: Irã, Arábia Saudita, Egito, Etiópia e Emirados Árabes Unidos.