O Ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, afirmou na quarta-feira que a relação do país com os Estados Unidos "não é incondicional" e que "o interesse nacional vem em primeiro lugar", referindo-se às restrições impostas pelo governo do presidente americano Donald Trump que podem afetar autoridades brasileiras.
Durante participação na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, Vieira enfatizou que o Brasil "não tem parcerias incondicionais", ressaltando que a política externa do país é pautada exclusivamente pelos interesses nacionais.
"Em relação às questões de ingerência no Brasil, quero lembrar as palavras do Barão do Rio Branco: o Brasil não tem alianças incondicionais. O principal é o interesse nacional, que sempre vem em primeiro lugar", disse o chanceler, referindo-se ao diplomata histórico considerado o pai da diplomacia brasileira.
A decisão de Washington de suspender os vistos de estudante também preocupa as autoridades brasileiras, já que milhares de estudantes brasileiros estudam atualmente em renomadas instituições americanas, como Harvard e MIT. A curto prazo, a medida pode prejudicar o fluxo de talentos e a cooperação acadêmica entre os dois países.
"É uma situação preocupante. Temos um grande número de estudantes brasileiros em universidades nos Estados Unidos; temos que ver como isso vai evoluir", disse o chanceler.
Não obstante, o ministro enfatizou que a política de vistos é de responsabilidade exclusiva e soberana de cada país.
"O país decide se concede ou não vistos. Há múltiplos casos conhecidos de brasileiros solicitando vistos e sendo negados. No caso de vistos oficiais para reuniões bilaterais, deve haver acordo prévio. Em reuniões multilaterais, como as da ONU ou da OEA, o país anfitrião é obrigado a concedê-los, por acordos internacionais", explicou Vieira.
