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Veículos elétricos chineses ganham popularidade no mercado latino-americano

Fonte: Diário do Povo Online    20.05.2025 10h02

Uma carro elétrico da marca chinesa BYD exibido num shopping mall no Rio de Janeiro. (Foto: Lu Yang/Diário do Povo Online)

O relatório Perspectiva Global dos Veículos Elétricos 2025, publicado recentemente pela Agência Internacional de Energia, aponta que mercados emergentes como a Ásia e a América do Sul se tornaram centros de crescimento nas vendas de veículos elétricos, com um aumento superior a 60% no total de unidades vendidas em 2024 em comparação com o ano anterior. Segundo os dados mais recentes da Associação de Concessionárias de Automóveis da América Latina, em 2024 foram vendidos 412.493 veículos elétricos na região latino-americana. As vendas de veículos 100% elétricos cresceram 139,3% e as de híbridos plug-in aumentaram 156,1%. Dentre os novos veículos vendidos, 51% foram de marcas chinesas, e quase todos os ônibus elétricos provieram da China.

Reconhecimento das marcas chinesas cresce a cada ano

Na região da Barra, no Rio de Janeiro, uma concessionária da Chery especializada em veículos elétricos tem sempre grande afluência. Um morador local confessa ter decidido comprar um carro elétrico da Chery: “Escolhi a Chery principalmente pelo excelente custo-benefício e pelas boas características de economia e sustentabilidade. Os carros chineses são confiáveis e agora ainda oferecem serviço de instalação de carregadores, o que é muito conveniente”.

Como o maior mercado automotivo da América Latina e o sexto maior do mundo, o Brasil vem apresentando um rápido crescimento nas vendas de veículos elétricos. Segundo a Associação Brasileira de Veículos Elétricos, no primeiro semestre de 2024, os veículos elétricos de marcas chinesas representaram 91,4% das importações brasileiras do segmento, com um volume de vendas de US$ 1,2 bilhão.

O reconhecimento dos veículos elétricos chineses também tem crescido em outros países da América Latina, como México e Costa Rica. Segundo dados divulgados em janeiro deste ano pelo Instituto Nacional de Estatística do México e pela Associação Mexicana de Distribuidores de Automóveis, marcas como JAC Motors e Geely venderam 129.329 unidades no país em 2024, um aumento de 63% em relação ao ano anterior, atingindo 19,5% de participação no mercado.

De acordo com a Bloomberg New Energy Finance, a rápida adoção dos veículos elétricos na América Latina é o resultado de políticas de incentivos fiscais, melhorias na infraestrutura de recarga e aumento da conscientização ambiental dos consumidores. A previsão é de que, até 2028, os veículos elétricos representem entre 10% e 20% das vendas de carros novos de passeio na região.

Impulsionando a transição elétrica nos transportes públicos

Nos últimos anos, cada vez mais cidadãos latino-americanos têm utilizado ônibus elétricos de marcas chinesas. Estima-se que, atualmente, existam mais de 6 mil ônibus elétricos em operação na região, de fabricantes como a BYD, Yutong, Zhongtong e Foton.

Na cidade de São José dos Campos, em São Paulo, foi inaugurada no final de 2021 a primeira linha de ônibus 100% elétrica do Brasil, chamada “Linha Verde”. Cada ônibus tem adesivos visíveis nas janelas com os dizeres “100% elétrico”. Esses ônibus são da marca chinesa BYD, que, em parceria com a prefeitura da cidade, forneceu os 12 veículos que operam na linha.

Na capital do Chile, Santiago, os ônibus elétricos chineses já operam em larga escala, oferecendo uma solução de transporte público de baixo carbono, eficiente e conveniente.

O secretário-geral da Associação Nacional Automotiva do Chile, Diego Mendoza, acredita que os países latino-americanos se tornaram um mercado importante para a exportação de ônibus elétricos chineses. Segundo ele, esses ônibus oferecem segurança e conforto, contribuem para a modernização dos sistemas de transporte da região e oferecem soluções de descarbonização para a logística local.

Estratégias de localização promovem a cooperação e ganhos mútuos

Especialistas do setor acreditam que os fabricantes chineses de automóveis atribuem grande importância à produção local e à inovação tecnológica, promovendo o desenvolvimento conjunto da indústria de veículos elétricos nos países latino-americanos. Isso tem sido um fator-chave para a rápida entrada desses veículos na região.

Em outubro de 2024, a Great Wall Motors anunciou a construção de sua primeira fábrica no estado de São Paulo, com previsão de início de operação em julho de 2025. Segundo o presidente da Great Wall International, Shi Qingke, a fábrica promoverá o desenvolvimento sustentável da indústria de veículos elétricos no Brasil, além de gerar empregos e impulsionar a economia local. A meta da empresa é alcançar, em três anos, uma taxa de 60% de produção local de componentes e exportar para outros países da América Latina.

O presidente da Associação Brasileira de Veículos Elétricos, Adalberto Maluf Bastos, considera muito acertada a estratégia de produção local adotada pelas montadoras chinesas. Ele acredita que o fortalecimento da cooperação com fabricantes locais ajuda a compreender melhor as necessidades do mercado latino-americano e a responder rapidamente às mudanças, oferecendo soluções diversificadas aos consumidores.

Para Lou Xiangfei, pesquisador do Centro de Estudos Latino-Americanos do Instituto de Estudos Internacionais de Shanghai, as montadoras chinesas não só trouxeram meios de transporte sustentáveis para a região, como também introduziram cadeias de produção e tecnologias inovadoras, o que contribui significativamente para a modernização da indústria automotiva local, expansão do emprego e cooperação mutuamente benéfica.

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