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Brasil registra queda histórica no desmatamento em todos os seus biomas em 2024

Fonte: Xinhua    16.05.2025 13h52

O Brasil registrou uma redução significativa na taxa de desmatamento em 2024, atingindo uma marca histórica: pela primeira vez nos últimos seis anos, todos os biomas do país experimentaram queda ou estabilização nas taxas de perda de vegetação nativa, revelou a rede MapBiomas nesta quinta-feira.

Em seu relatório anual sobre desmatamento. O MapBiomas informou que o país perdeu um total de 1.242.079,1 hectares de cobertura vegetal nativa em 2024, o que representa uma queda de 32,4% em relação ao ano anterior, quando foram perdidos 1.836.749,3 hectares.

Essa tendência de queda se reflete em todos os biomas, embora com graus variados de intensidade, marcando um avanço significativo nas políticas de conservação ambiental e monitoramento do uso do solo no país.

Segundo os dados, o Cerrado permaneceu como o bioma com maior área desmatada pelo segundo ano consecutivo, com 652.197 hectares perdidos em 2024. No entanto, isso representa uma queda de 41,2% em relação a 2023, quando a perda foi de 1.109.850 hectares.

"É importante destacar essa redução significativa, mesmo que o Cerrado continue liderando o desmatamento no Brasil", explicou Roberta Rocha, analista de pesquisa do MapBiomas. Todos os estados do bioma registraram reduções em 2024, com exceção de São Paulo. Os casos mais notáveis são Goiás, com queda de 72%, e Bahia, com redução de 65%.

A região da Amazônia ficou em segundo lugar em termos de perda de cobertura vegetal, com 377.708 hectares de desmatamento previstos para 2024. Isso representa uma queda de 16,8% em comparação aos 454.230 hectares perdidos em 2023. A região da Caatinga ficou em terceiro lugar, com uma perda de 174.511 hectares, 13,4% a menos que no ano anterior (201.607 hectares).

No caso do Pantanal, o bioma apresentou uma redução drástica de 58,6% na perda de cobertura vegetal. Em 2024, 23.295 hectares foram desmatados, em comparação com 56.304 no ano anterior.

A Mata Atlântica, um dos biomas historicamente mais ameaçados, permaneceu estável, com um ligeiro aumento de cerca de 2%. Em 2024, 13.472 hectares foram perdidos, em comparação com 13.212 em 2023. Ainda assim, segundo analistas, o aumento é considerado marginal e está fortemente associado a eventos climáticos extremos.

"Vinte e dois por cento do desmatamento registrado na Mata Atlântica em 2024 foi devido a desastres naturais agravados pelas mudanças climáticas", explicou Natália Crusco, também analista do MapBiomas. Só no Rio Grande do Sul, 3.022 hectares foram perdidos devido a chuvas extremas, deslizamentos de terra e inundações. Isso fez do estado o terceiro mais afetado pelo desmatamento dentro do bioma em 2024.

Por fim, a região do Pampa também teve uma redução significativa: 896 hectares foram perdidos em 2024, contra 1.547 em 2023, o que representa uma queda de 42,1%.

O estado do Maranhão, no nordeste do país, liderou o ranking nacional de desmatamento pelo segundo ano consecutivo, com 218.298,4 hectares perdidos, apesar de ter registrado uma redução de 34,3% em relação a 2023. O estado abrange áreas tanto da Amazônia quanto do Cerrado, o que explica a extensão do seu impacto.

As terras indígenas também tiveram uma redução na perda de vegetação. Em 2024, 15.938 hectares foram desmatados nesses territórios, o que representa 1,3% do total nacional. Esse número representa uma queda de 24% em relação a 2023.

As unidades de conservação do país perderam 57.930 hectares de cobertura vegetal, uma redução de 42,5% em relação ao ano anterior. As unidades de proteção integral, em especial, tiveram uma redução ainda mais acentuada: 57,9%, com 4.577 hectares afetados até 2024.

Desde o início da série histórica do MapBiomas em 2019, mais de 97% da perda de vegetação nativa no Brasil está ligada à expansão agrícola. Entretanto, os vetores do desmatamento variam de acordo com o bioma.

Por exemplo, na Amazônia, 99% do desmatamento causado por atividades de mineração (garimpo) está concentrado nesse bioma. Na Caatinga, 93% do desmatamento associado a projetos de energia renovável ocorreu nessa região, que enfrenta condições ecológicas frágeis. Enquanto isso, o Cerrado foi responsável por 45% das áreas desmatadas para expansão urbana até 2024.

Entre 2019 e 2024, o Brasil perdeu um total de 9.880.551 hectares de vegetação nativa, uma área equivalente ao tamanho da Coreia do Sul. Desse total, dois terços - 67% ou 6.647.146 hectares - estão localizados na Amazônia Legal.

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