O Brasil busca promover uma maior cooperação com a China na educação, especialmente no campo de educação digital e inteligência artificial (IA), afirmou Marcelo Bregagnoli, secretário de Educação Profissional e Tecnológica do Ministério da Educação do Brasil, em uma entrevista nesta quarta-feira na China.
Marcelo está na Província de Hubei, centro da China, para participar da Conferência Mundial de Educação Digital 2025, realizada em Wuhan, capital provincial.
Com o tema "Desenvolvimento e Transformação da Educação: A Era da Inteligência", o evento reuniu mais de 600 representantes de governos, organizações internacionais, instituições de ensino e especialistas de dezenas de países, com o objetivo de debater em conjunto o futuro da educação na era da inteligência artificial.
Desde 2023, a China realiza anualmente a conferência, que se consolidou como uma plataforma de intercâmbio e cooperação internacional em educação digital, gerando novas oportunidades para os países participantes.
"O cenário deste evento mais impressionante é como a China está promovendo a profunda integração da IA com o setor de educação e sua abertura para compartilhar esse modelo de desenvolvimento com os países parceiros." destacou Marcelo.
Marcelo considerou fundamental a presença do Brasil no encontro, pois simboliza o poder da cooperação global. Ele destacou seu interesse em trocar experiências com profissionais da educação de todo o mundo e conhecer diferentes perspectivas sobre a aplicação da tecnologia no ensino.
Marcelo acrescentou que, no campo de IA, o Brasil possui diversas fábricas onde a tecnologia poderia ser aplicada para otimizar processos e aumentar a produtividade.
Durante a visita à Universidade de Hubei, a primeira instituição chinesa a realizar estudos sobre o Brasil, Marcelo participou de atividades de intercâmbio com professores e estudantes e disse ter sentido de perto a vitalidade do país e a hospitalidade do povo chinês.
Ele também visitou nesta quarta-feira a Wuhan Software Engineering Vocational College, um dos locais de visita da Conferência. Na área de prática de inovação em design e fabricação digital, robôs projetados pelos próprios alunos chamaram sua atenção. "Este é um lugar onde a prática e a aplicação são bem combinadas, o que é importante para os alunos, porque a sala de aula não é apenas para ensinar, mas também para cultivar futuros caminhos de carreira e dar aos alunos mais opções", disse ele, acrescentando que é admirável a abordagem inovadora da educação profissional da China para integrar o comércio eletrônico transfronteiriço, o desenvolvimento de tecnologia de condução inteligente e o treinamento prático de fabricação inteligente no ensino em sala de aula.
"Vale a pena aprender com a capacidade da China de promover aplicativos de IA em escala em seu ambiente educacional, especialmente em termos de socialização da tecnologia," afirmou Marcelo, comentando que, de plataformas digitais a métodos de ensino, a China demonstra como a IA pode ser sistematicamente integrada a todos os aspectos do sistema educacional.
O secretário também expressou satisfação ao saber que, em novembro de 2024, a Universidade de Hubei e a Universidade Estadual Paulista (UNESP) inauguraram o primeiro curso de língua chinesa da América Latina.
Ele disse conhecer bem o Instituto Confúcio criado na UNESP e ressaltou que, com o crescimento das parcerias comerciais entre China e Brasil, cresce também o interesse mútuo pelas línguas -- cada vez mais brasileiros estudam chinês, e mais chineses se dedicam ao português. Segundo ele, esse movimento linguístico favorece a eficiência da cooperação bilateral.
"Esperamos absorver as experiências avançadas da China no campo da educação digital, especialmente na aplicação de plataformas tecnológicas e na integração da inteligência artificial. O nosso objetivo é adaptar esses modelos ao contexto brasileiro e impulsionar as iniciativas do governo para construir um ecossistema educacional mais inclusivo e responsivo às necessidades do século XXI," disse ele.