José Medeiros da Silva*
Por ocasião da primeira reunião ministerial do Fórum China-Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Fórum China-CELAC), realizado no início de 2015, em Beijing, o presidente chinês Xi Jinping ressaltava em um discurso que aquele era um “acontecimento magno”, com repercussões profundas e transcendentais para essas relações, para a cooperação Sul-Sul, a prosperidade e o progresso do mundo. Também realçava sobre a importância de se cuidar bem daquela muda que ali estava sendo plantada, que ela pudesse crescer saldável e se transformar em uma árvore frondosa.
No dia 13 de maio de 2025, em um discurso proferido na quarta reunião ministerial do Fórum China-CELAC, em Beijing, o presidente Xi evoca novamente essa metáfora da árvore, afirmando que “nos últimos dez anos, graças aos cuidados dedicados de ambos os lados, o Fórum passou de uma muda tenra para uma árvore que se ergue alta”. Evidentemente, nesse processo, a condição principal para o enraizamento e crescimento dessa árvore é o cuidar bem. E essa é uma tarefa de todos esses países que fazem parte desse Fórum.
No referido discurso, o presidente Xi convidou os participantes do Fórum a “Escrever um Novo Capítulo de Formação de uma Comunidade com Futuro Compartilhado China-CELAC, apresentando para isso cinco diretrizes abrangentes, isto é, “cinco programas” gerais, essenciais para que a árvore da amizade China-CELAC supere a intempérie de um mundo em turbulência e continue a crescer saudável, produzindo cada vez mais frutos e oferecendo a todos uma sombra acolhedora e refrescante.
O primeiro desses programas, é a solidariedade, o que capta com precisão a razão maior da existência do Fórum. O segundo, sobre o desenvolvimento econômico global, advoga por um ambiente internacional de abertura e cooperação, essencial para a prosperidade de todos. O terceiro, sobre o intercâmbio civilizacional e a aprendizagem mútua, caminho essencial para o estabelecimento de amizades sólidas e inquebrantáveis. O quarto é sobre a paz, condição essencial para a prosperidade comum e a felicidade humana. E o quinto trata da conectividade entre os povos, o que deve impulsionar ainda mais o intercâmbio humano nos mais diversos campos, promover o aprendizado linguístico e as interações acadêmicas e artísticas.
Vale salientar que o Fórum China-CELAC se alicerça em uma visão de mundo que busca o diálogo ao invés do confronto; a cooperação ganha-ganha em detrimento ao jogo de soma zero; assim como uma cultura de paz, amizade e conhecimento mútuo. Sua consolidação e avanço é uma necessidade para se enfrentar de forma mais segura os desafios geopolíticos contemporâneos e assegurar um ambiente internacional favorável ao desenvolvimento e a prosperidade econômica, social e civilizacional de todos os povos.
Se observarmos que na China temos uma população de 1 bilhão e 450 milhões e que, na América Latina e Caribe, esse número é superior a 650 milhões, poderemos melhor dimensionar o impacto que o sucesso dessa parceria poderá ter na transformação do mundo. Já imaginou o impacto social e moral se, daqui a dez anos, ao celebrar o 20º aniversário desse Fórum, pudéssemos celebrar também a eliminação da extrema pobreza em toda a CELAC? Não se pode esquecer esse feito já foi alcançado pela China em 2021 e que essa tem sido a principal bandeira do presidente Lula ao longo de toda sua vida política.
*O autor é diretor do Centro de Estudos de Brasil da Universidade de Estudos Internacionais de Zhejiang.