"Residências de Ciência e Tecnologia China-Brasil sobre Mecanização Agrícola Familiar traz novas esperanças para agricultores brasileiros." No dia 12 de maio, o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, fez essa declaração na Universidade Agrícola da China (UAC), durante a visita do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, à China. O comentário refere-se ao treinamento que estudantes de doutorado e mestrado da UAC realizam junto a agricultores familiares no Brasil.
Em 2021, a professora Yang Minli, da Faculdade de Engenharia da UAC, descobriu que embora o Brasil seja uma potência agrícola mundial, o setor enfrenta uma grande polarização. Por um lado, empresas exportadoras vendem soja, milho e outros produtos agrícolas para o mundo, tornando o Brasil o "celeiro do mundo". Por outro lado, a agricultura familiar, responsável por fornecer 70% dos alimentos consumidos no país, sofre com baixa mecanização, baixa produtividade e baixa renda dos agricultores, deixando muitos ainda presos na fome.
O nível de mecanização da agricultura familiar no Brasil é de apenas 12%, no norte é de apenas 10% e na Amazônia é de apenas 3%. Os agricultores familiares da região nordeste do Brasil representam cerca de 55% de todos os agricultores familiares do Brasil, mas apenas 0,2% deles usam equipamentos agrícolas avançados, e há uma necessidade muito urgente de mecanização agrícola.
Para resolver essa contradição estrutural, Yang Minli começou a organizar a expansão das pequenas e médias empresas chinesas de maquinário agrícola no Brasil para alcançar resultados vantajosos para ambas as partes. Sua proposta logo recebeu apoio de setores relevantes tanto da China quanto do Brasil.
Com o apoio político e financeiro, os primeiros 31 tratores, semeadeiras, drones agrícolas e outros equipamentos chineses chegaram ao Brasil e foram instalados em uma fazenda demonstrativa de cooperação em mecanização agrícola em Apodi, no estado do Rio Grande do Norte.
Era necessário treinar os locais para usar as máquinas. Em novembro de 2024, as Residências de Ciência e Tecnologia foram oficialmente inauguradas. Doutorandos e mestrandos da UAC começaram a chegar em grupos ao Brasil para ensinar os agricultores a operar os equipamentos e ajustar os parâmetros das máquinas de acordo com as variedades de arroz e as condições de crescimento locais.
"Com a ajuda da mecanização agrícola e das residências, a eficiência na produção de alface e coentro em Apodi aumentou de 6 a 7 vezes, e a renda familiar dos agricultores subiu quase 80%", afirmou Yang Minli.
Em outro estado, o Ceará, o projeto ajudou 42 famílias a abandonar métodos agrícolas rudimentares, reduzindo o uso de sementes em cerca de 50% enquanto aumentava a produtividade em aproximadamente 40%.
"A relação entre China e Brasil é de extrema importância neste novo mundo que está sendo construído. Esperamos que não ocorram retrocessos, embora desafios se apresentem. Almejamos que ocorram avanços, que possamos retomar o multilateralismo e o livre comércio, e podemos alcançar isso juntos. Como membros do Sul Global, China e Brasil dedicam especial atenção à modernização agrícola", disse Paulo Teixeira, acrescentando que o Brasil apoiará as empresas chinesas de maquinário agrícola a investirem no Brasil por meio de redução e isenção de tarifas, apoio ao crédito, incentivo a joint ventures e outros aspectos.
Sob mecanismo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Fundo de Investimento para Cooperação Industrial na América Latina da China (CLAIFUND) e Novo Banco de Desenvolvimento do BRICS, o Brasil dará apoio financeiro substancial e sustentável a empresas chinesas qualificadas. O país também introduziu uma série de incentivos para atrair investimentos estrangeiros, especialmente da China. Os temas incluem isenções tarifárias por até 12 meses para bens de capital e bens de tecnologia e informação, disse Paulo Teixeira, acrescentando que o governo brasileiro também oferece subsídios especiais e apoio de crédito a juros baixos para empresas e pessoas físicas que compram máquinas agrícolas de pequena escala.
A Chongqing Xinyuan Agricultural Machinery Co., Ltd. concentra-se em maquinário agrícola de pequena escala para áreas montanhosas. Wang Ziqiang, diretor de vendas, disse que as máquinas da empresa estão sendo testadas pelos agricultores brasileiros há um ano, atendendo às necessidades dos agricultores locais e aumentando a produtividade em quase 60%. "Nosso próximo lote de equipamentos deverá ser enviado ao Brasil no próximo mês", disse ele.
Segundo Teixeira, a China é o maior comprador de produtos agrícolas brasileiros, com importações que chegaram a US$ 49 bilhões no ano passado. Enquanto isso, o Brasil também é um grande importador de produtos agrícolas chineses, já que os dois países continuam a aprofundar o comércio e a cooperação tecnológica no setor.
Como maior produtor e exportador de soja do mundo, o Brasil exportou cerca de 73% de sua soja para a China no ano passado, totalizando 73 milhões de toneladas, de acordo com Aprosoja Brasil. No início de abril deste ano, a China assinou um contrato para a compra de 2,4 milhões de toneladas de soja.
Luiz Zarref, coordenador da América Latina da Associação Internacional de Cooperação Popular, disse que o objetivo dos intercâmbios sino-brasileiros não é apenas resolver problemas no setor agrícola, mas também fortalecer a cooperação e desempenhar um papel mais amplo na plataforma internacional, e que os quase 4 milhões de pequenos agricultores brasileiros da associação seriam diretamente beneficiados.