Português>>China

Parcerias espaciais da China: avançando a tecnologia para o benefício da humanidade

Fonte: Diário do Povo Online    09.04.2025 14h42

Por Shen Xiaoxiao, Song Yiran, Diário do Povo

Membros da equipe conjunta de desenvolvimento de satélites China-Egito trabalham no centro de montagem, integração e testes de satélites da Cidade Espacial Egípcia. (Foto: Shen Xiaoxiao/Diário do Povo)

Na Cidade Espacial Egípcia, uma esfera branca reluzente ergue-se acima do complexo – um farol futurista no deserto. No interior, a antena do satélite MISRSAT-2 realiza silenciosamente seu trabalho: recebendo, gravando, armazenando e transmitindo dados em órbita.

Lançado em dezembro de 2023 do Centro de Lançamento de Satélites de Jiuquan, na China, o MISRSAT-2 representa um marco significativo na cooperação espacial internacional. O satélite é fruto de um esforço conjunto entre os governos chinês e egípcio, com trabalhos simultâneos de projeto em ambos os países e montagem, testes e qualificação ambiental ocorrendo na Cidade Espacial Egípcia – construída com assistência chinesa.

Essa conquista torna o Egito o primeiro país africano a ter capacidade completa de montagem e teste de satélites, simbolizando o compromisso contínuo da China com a expansão da cooperação espacial.

Até dezembro de 2024, a China havia assinado quase 200 acordos intergovernamentais de cooperação espacial com mais de 50 países e organizações internacionais, abrangendo uma ampla gama de áreas, como observação da Terra, exploração do espaço profundo, desenvolvimento de satélites, exploração lunar e voos espaciais tripulados.

Por meio dessas parcerias, os avanços tecnológicos da China são cada vez mais aproveitados em benefício da humanidade.

"As imagens de alta resolução fornecidas pelo MISRSAT-2 foram aplicadas no planejamento urbano do Egito, levantamentos de recursos terrestres, monitoramento de plantações, gestão de recursos hídricos e desenvolvimento de infraestrutura - todos essenciais para a concretização da Visão 2030 do Egito", disse Sherif Sedky, CEO da Agência Espacial Egípcia.

O Egito abriga a sede da Agência Espacial Africana. "Nossa cooperação com a China não apenas acelera o crescimento do setor espacial egípcio, mas também impulsiona a tecnologia espacial em toda a África", observou Tamer Talal, projetista-chefe egípcio do sistema MISRSAT-2.

Os efeitos dessa cooperação se estendem muito além do Norte da África. No estado do Pará, no norte do Brasil, alertas de desmatamento em tempo real – alimentados por dados do projeto Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (CBERS) – estão permitindo respostas rápidas contra mineração e exploração madeireira ilegais.

O satélite CBERS-4A desenvolvido em conjunto pela Academia Chinesa de Tecnologia Espacial em Beijing e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais do Brasil em São Paulo é lançado por um foguete transportador chinês Longa Marcha do Centro de Lançamento de Satélites de Taiyuan, na província de Shanxi, em 20 de dezembro de 2019. (Foto: Zheng Taotao/Xinhua)

Desde o lançamento do projeto em 1988, China e Brasil desenvolveram em conjunto seis satélites de recursos terrestres, fornecendo dados cruciais para a gestão de recursos naturais, agricultura, silvicultura, geologia, recursos hídricos, planejamento urbano e proteção ambiental.

Os satélites também ajudaram a monitorar desastres globais, como incêndios florestais, inundações, terremotos e tsunamis.

Durante as fortes tempestades e inundações no estado do Rio Grande do Sul, no sul do Brasil, em abril do ano passado, os dados do CBERS-04 e do CBERS-04A foram fundamentais para monitorar os movimentos das enchentes, mapear os danos e auxiliar as autoridades a avaliar as condições da infraestrutura urbana. As imagens se mostraram inestimáveis no planejamento da reconstrução do governo brasileiro.

"A cooperação espacial China-Brasil não está apenas promovendo a ciência e a tecnologia em ambos os países, mas também gerando benefícios em escala global", disse Luciana Santos, ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil.

Desde 2003, com o lançamento do CBERS-02, China e Brasil fornecem conjuntamente dados de satélite com resolução de 20 metros, gratuitamente, para países do mundo todo. Tanto a Agência Espacial Brasileira quanto a Administração Espacial Nacional da China se comprometeram a expandir a distribuição desses dados para mais regiões, tornando as informações espaciais um bem público para o desenvolvimento global.

No sul da Ásia, o Paquistão testemunhou uma transformação semelhante. Em 11 de maio de 2024, uma impressionante imagem de satélite capturou o Sol e a Lua em um único quadro – com crateras lunares renderizadas em detalhes nítidos – cativou o público paquistanês e dominou as manchetes nacionais.

A imagem foi capturada pelo ICUBE-Q, o primeiro satélite lunar do Paquistão, desenvolvido em conjunto pelo Instituto de Tecnologia Espacial do Paquistão e pela Universidade Jiao Tong de Shanghai, na China.

A bordo da sonda lunar chinesa Chang'e-6 e lançado a bordo do foguete Longa Marcha 5, o ICUBE-Q entrou em órbita lunar e começou a transmitir dados de telemetria para a Terra.

Esta conquista é apenas um destaque em um capítulo crescente da colaboração espacial entre China e Paquistão. Nos últimos anos, satélites desenvolvidos em conjunto pelos dois países começaram a remodelar diversos setores no Paquistão, proporcionando melhorias mensuráveis na vida cotidiana.

O Satélite de Sensoriamento Remoto do Paquistão (PRSS-1), outro projeto de cooperação entre os dois países, agora fornece dados de observação da Terra em alta resolução para levantamentos de terras, proteção ambiental, monitoramento e gestão de desastres, estimativa de produtividade agrícola e desenvolvimento urbano.

Somando-se a esse impulso, a China lançou um satélite de comunicação multimissão para o Paquistão em seu Centro de Lançamento de Satélites de Xichang em maio de 2024. Equipado com tecnologia de última geração, o novo satélite aprimorou significativamente as capacidades do Paquistão em comunicação e navegação por satélite.

Qamarul Islam, professor do Instituto de Tecnologia Espacial do Paquistão, observou que a cooperação espacial de longa data e ampla entre a China e o Paquistão fomentou um profundo entendimento mútuo e uma colaboração contínua entre cientistas de ambas as nações, estabelecendo uma base sólida para conquistas futuras.

comentários

  • Usuário:
  • Comentar: