O coordenador residente das Nações Unidas na China, Siddharth Chatterjee (à esquerda), Munir Akram (ao centro), representante permanente do Paquistão na ONU, e Volkan Bozkir, presidente da 75ª sessão da Assembleia Geral da ONU, conversam na quarta-feira antes de um diálogo de alto nível na Conferência Anual do Fórum Boao para a Ásia de 2025 em Boao, província de Hainan. (Foto: Feng Yongbin /China Daily)
O multilateralismo deve ser revigorado na promoção da construção de um sistema de governança global justo e racional para lidar com os desafios globais urgentes, de acordo com autoridades e especialistas presentes na Conferência Anual do Fórum Boao para a Ásia de 2025.
Com o tema "Ásia no mundo em mudança: em direção a um futuro compartilhado", a conferência deste ano, que acontece de terça a sexta-feira, foi projetada para promover a abertura e o desenvolvimento e cumprir os compromissos da Cúpula do Futuro das Nações Unidas, com foco no desenvolvimento da Ásia.
"Ameaças globais exigem respostas globais", disse o vice-ministro das Relações Exteriores Chen Xiaodong na quarta-feira (26) no Diálogo de Alto Nível: Governança Global após a Cúpula do Futuro da ONU, um dos painéis de discussão durante a conferência.
"Diante de uma situação internacional complexa e grave, devemos defender o verdadeiro multilateralismo", disse ele.
Chen destacou o papel central da ONU no sistema internacional e pediu a salvaguarda da autoridade do órgão intergovernamental.
"Devemos substituir o confronto de grupo pela cooperação inclusiva e quebrar 'pequenos círculos' com maior unidade", afirmou ele.
Chen pediu que os principais países liderassem pelo exemplo na defesa da integridade e do estado de direito, dizendo que "priorizar os próprios interesses só prejudicará os outros, sem beneficiar a si mesmo".
Observando que a atual situação internacional é marcada por uma mistura de incerteza e instabilidade, Chen alertou que o mundo enfrenta o risco de voltar à lei da selva. "É imperativo que os países trabalhem juntos para promover a governança global", acrescentou.
Chen observou que, diante de sérios desafios, a China propôs o conceito de construir uma comunidade com um futuro compartilhado para a humanidade, juntamente com a Iniciativa de Desenvolvimento Global (IDG), a Iniciativa de Segurança Global (ISG) e a Iniciativa de Civilização Global (ICG), guiando o caminho para abordar os desafios comuns que os países estão enfrentando.
O diálogo é visto como um acompanhamento da Cúpula do Futuro da ONU, que concluiu com o Pacto para o Futuro, incluindo um Pacto Digital Global e uma Declaração sobre Gerações Futuras. O pacto abrange uma ampla gama de temas, incluindo paz e segurança, desenvolvimento sustentável, mudanças climáticas, cooperação digital, direitos humanos, juventude e gerações futuras e a transformação da governança global.
Discursando na reunião de diálogo, Ban Ki-moon, presidente do Fórum Boao para a Ásia e ex-secretário-geral da ONU, afirmou que a demanda por governança global nunca foi tão grande quanto hoje. "Estamos enfrentando um crescente déficit de governança global, e isso deve ser abordado com urgência", avaliou ele.
Ban enfatizou o papel da ONU e do sistema multilateral, dizendo que o multilateralismo é uma abordagem eficaz para abordar desafios comuns.
"Os países devem ser guiados pela diplomacia, não pela violência", ponderou Ban. "Eles devem ser guiados pelos propósitos e princípios da Carta das Nações Unidas, não pela lei da selva. Os países devem ter comércio e cooperação econômica mais próximos, não protecionismo ou práticas de empobrecer o vizinho."
Este ano marca o 80º aniversário da fundação da ONU. Ban acredita que não é apenas um momento para celebrar as conquistas que a ONU fez, mas também um momento para refletir sobre "o que pode ser feito para garantir que seja representativo, responsivo e eficaz".
Em seu discurso no diálogo, Guy Ryder, subsecretário-geral da ONU para política, discorreu sobre os desafios enfrentados pelo organismo global.
"Estamos vivendo num momento de grande perturbação e grande incerteza. As consequências são difíceis de prever, mas já estamos sentindo as pressões que o sistema internacional enfrenta. O multilateralismo, seus valores e até mesmo sua legitimidade estão sendo questionados", refletiu ele.
Ao mesmo tempo, desafios globais como conflitos, pobreza, mudanças climáticas e governança de tecnologias estão se tornando cada vez mais complexos, observou ele, acrescentando que a capacidade de lidar com esses desafios por meio da cooperação global parece estar diminuindo.
Ryder acrescentou que o caminho a seguir para a comunidade internacional é aquele em que o estado de direito e a cooperação prevalecem, do contrário o mundo entrará numa era em que haverá um alto grau de confronto, e a noção de que "o mais forte é o certo" prevalecerá.