O ministro das Relações Exteriores Wang Yi se encontra com Graham Allison, professor de política internacional na Universidade de Harvard, na sexta-feira, à margem da Conferência de Segurança de Munique na Alemanha. (Foto: Zhang Fan/Xinhua)
Enquanto o ministro das Relações Exteriores Wang Yi discursava na anual Conferência de Segurança de Munique na Alemanha e participava de uma série de reuniões paralelas, observadores disseram que Beijing destacou a consistência de suas políticas e seu compromisso em oferecer certeza em áreas como os laços China-EUA e a construção de um mundo multipolar.
Ao discursar na sexta-feira (14) na sessão "China no Mundo" da 61ª Conferência de Segurança de Munique, Wang disse que a China mantém uma política estável e consistente em relação aos Estados Unidos e não muda ou reverte facilmente a política. Isso demonstra a "determinação estratégica da China, bem como a credibilidade internacional como um país importante", observou ele.
"Se os EUA insistirem em suprimir e conter a China, jogaremos junto até o fim, combateremos firmemente quaisquer ações unilaterais de intimidação dos EUA e defenderemos resolutamente a soberania estatal da China, a dignidade nacional e seu direito legítimo de se desenvolver", disse ele.
Observando que não é realista tentar mudar ou derrubar o sistema político um do outro, Wang afirmou que os desafios globais precisam ser enfrentados em conjunto pela China e pelos EUA, uma responsabilidade internacional que ambos os lados devem assumir.
Wang se referiu à posição de longa data de Beijing sobre os laços com Washington, que é construir "um relacionamento bilateral estável, saudável e sustentável" com base nos três princípios de respeito mútuo, coexistência pacífica e cooperação ganha-ganha.
Instando Washington a encontrar o caminho certo para os dois principais países se darem bem, Wang expressou sua esperança de que os EUA "se movam na mesma direção que a China".
Durante uma reunião na sexta-feira com Graham Allison, professor de política internacional na Universidade de Harvard, Wang disse que a China trabalhará com países com ideias semelhantes para promover um mundo multipolar estável e ordenado, bem como uma globalização econômica inclusiva que beneficie a todos. Ele também reiterou que "a China mantém uma política consistente e estável em relação aos EUA".
Allison expressou sua esperança de que os EUA e a China, como dois grandes países, possam se envolver numa cooperação eficaz e desempenhar um papel fundamental no tratamento de questões críticas internacionais e regionais, incluindo a crise da Ucrânia.
Durante um painel de discussão na conferência em Munique, Fu Ying, ex-vice-ministra das Relações Exteriores da China, destacou que, ao longo dos anos, Beijing permaneceu consistente no princípio de desenvolver laços com Washington.
"Os EUA lançaram essa 'competição estratégica' com a China, mas você não ouve a China falando sobre aceitar ou definir nosso relacionamento com os EUA como competição", disse ela.
Wang Yiwei, professor da Escola de Estudos Internacionais da Universidade Renmin da China e diretor do Instituto de Relações Internacionais da universidade, disse: "Os comentários do ministro das Relações Exteriores deixaram claro como Beijing responderá se Washington persistir em suprimir e conter a China."
"Um grande país deve rejeitar resolutamente a busca por um jogo de soma zero e não deve deixar de combinar suas palavras com ações", destacou.
Enquanto o organizador da Conferência de Segurança de Munique deste ano se concentrou na multipolarização mundial, o ministro das Relações Exteriores chinês também elaborou as quatro principais visões da China sobre multipolarização em seu discurso — defendendo a igualdade entre as nações, respeitando o estado de direito internacional, praticando o multilateralismo e defendendo a abertura e a cooperação ganha-ganha.
O paradigma multipolar não deve estar num estado de desordem, disse Wang Yi, acrescentando que "sem normas e padrões, alguém pode estar na mesa num dia e acabar no menu no dia seguinte".
"Os principais países devem assumir a liderança na defesa da integridade e do estado de direito", disse ele, acrescentando que a China cumpre ativamente suas responsabilidades e obrigações internacionais e "nunca pratica o excepcionalismo, muito menos a escolha seletiva".
Observando que o protecionismo não é a saída e que o abuso de tarifas não beneficiará ninguém, Wang Yi disse que é essencial aderir à abertura e à cooperação e apoiar a multipolarização igual e ordenada do mundo por meio da globalização econômica universalmente benéfica e inclusiva.
A China está disposta a promover a sinergia entre a Iniciativa Cinturão e Rota e a iniciativa Global Gateway da União Europeia, fortalecendo uns aos outros e ao mundo, ele acrescentou.
Wang Huiyao, presidente do Centro para a China e a Globalização, sediado em Beijing, compareceu aos eventos em Munique e disse que durante suas viagens recentes a vários países europeus, ele notou que "há um interesse crescente em avançar a cooperação com a China e expandir o investimento".
"A China certamente seguirá firme em seu caminho e trabalhará na construção de seu círculo de amigos, trabalhando juntos para enfrentar os desafios impostos pelas incertezas", disse ele.
