Em novembro de 2024, a China e o Brasil assinaram um plano de cooperação para a criação de maior sinergia entre a Iniciativa Cinturão e Rota (ICR) e as estratégias de desenvolvimento do Brasil. Segundo Yang Chuqiao, professora da Universidade de Estudos Internacionais de Zhejiang, o documento marca o lançamento completo de sinergias das estratégias de desenvolvimento dos dois países e a expansão gradual da cooperação bilateral do campo de economia e comércio para muitos setores, como política, ciência e tecnologia, sociedade e cultura, mostrando as amplas perspectivas de um novo tipo de relações internacionais na nova era.
O documento elabora plano de cooperação sobre o estabelecimento de sinergias entre a Iniciativa Cinturão e Rota e o Programa de Aceleração do Crescimento, o Plano Nova Indústria Brasil, o Plano de Transformação Ecológica e o Programa Rotas da Integração Sul-americana.
De acordo com Yang, a sinergia entre a ICR com as estratégias de desenvolvimento brasileiras trará várias oportunidades para a cooperação bilateral, sugerindo a construção de infraestrutura como o principal ponto de entrada da ICR para sinergias no Programa de Aceleração do Crescimento do Brasil.
A conectividade das instalações é uma prioridade para a construção conjunta da ICR, disse a especialista, acrescentando que o atraso na construção da infraestrutura do Brasil tornou-se um grande obstáculo ao seu desenvolvimento econômico sustentável.
Na opinião de Yang, as empresas chinesas têm tecnologia e experiência em áreas como infraestrutura inteligente, moradia segura e saneamento, mas precisa obter uma compreensão mais profunda do planejamento de infraestrutura do Brasil. "As empresas chinesas podem melhorar ainda mais sua capacidade de lidar com as preocupações na construção da infraestrutura do Brasil sobre mudanças climáticas, flutuações econômicas e questões sociais. Isso não só ajudará a melhorar o nível de infraestrutura do Brasil, mas também promoverá uma cooperação profunda entre os dois países no campo da infraestrutura, obtendo benefícios mútuos e resultados frutíferos", indicou ela.
Além de infraestrutura, a professora também acredita que a sinergia ajuda a expandir ainda mais a cooperação comercial bilateral, sugerindo que a sinergia entre a ICR e o "Programa de Rota de Integração Sul-Americana" do Brasil se concentrará na construção de cinco rotas comerciais projetadas no Programa, com construção de aeroportos, autoestradas e portos ao longo das rotas. Yang assinalou a prioridade à abertura do canal comercial do Brasil para o Porto de Chancay para abrir um novo caminho para as exportações do Brasil para a China.
Em 2023, o valor de comércio entre a China e o Brasil chegou a US$ 181,53 bilhões, crescendo mais de 10 mil vezes em valor nominal. Em 2009, a China tornou-se o maior parceiro comercial do Brasil e tem mantido o título até hoje. O Brasil é o maior parceiro comercial da China na América Latina. Segundo dados da Administração Geral das Alfândegas (AGA) da China, o país importou mais de US$ 100 bilhões do Brasil anualmente nos últimos três anos, batendo seguidos recordes.
Quanto ao setor de nova energia, Yang indicou que o Plano Nova Indústria Brasil defende viagens ecológicas, oferecendo um mercado vasto para os veículos de nova energia chineses. "As empresas chinesas de veículos de nova energia já estabeleceram bases de produção no Brasil, indicando uma crescente diversificação e facilitação do comércio entre os dois lados", afirmou Yang.
Na área financeira, a professora disse que a China e o Brasil podem combinar as vantagens do atual acordo em moedas locais entre os dois países e os empréstimos do Banco de Desenvolvimento da China no futuro e abrir fundos de crédito por meio de instituições financeiras, a fim de dar prioridade ao investimento e ao financiamento de projetos de construção de infraestrutura entre a China e o Brasil no âmbito da ICR.
No início de 2023, o banco central chinês assinou um memorando de cooperação com o banco central do Brasil para estabelecer acordos de liquidação de renminbi (RMB) no Brasil, com o objetivo de promover o comércio bilateral em moedas locais. Em 2024, os contratos de empréstimo assinados pelo Banco de Desenvolvimento da China com o Banco do Brasil e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social do Brasil, serão priorizados para apoiar projetos brasileiros nas áreas de infraestrutura, agricultura e desenvolvimento verde.
Na área de cultura e intercâmbios interpessoais, Yang mencionou a designação do ano 2026 pelos dois países como "Ano da Cultura China-Brasil", sugerindo mais fóruns, exposições e atividades culturais bilaterais no futuro para aumentar a amizade e intercâmbios entre as pessoas dos dois países.
A especialista também assinalou que a comunicação política é uma garantia importante para a sinergia entre a ICR e as estratégias de desenvolvimento do Brasil, mencionando a cooperação e coordenação em várias ocasiões internacionais entre a China e o Brasil, os dois maiores países em desenvolvimento do hemisfério ocidental e oriental e membros importantes do G20 e do BRICS.
"As sinergias das estratégias de desenvolvimento entre a China e o Brasil não apenas cria novas oportunidades e uma nova plataforma para que a cooperação entre a China e o Brasil atinja um novo patamar, mas também estabelece um novo modelo de progresso e solidariedade comum para a cooperação no Sul Global", disse Yang.