O histórico acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia (UE), anunciado na última sexta-feira em Montevidéu durante a 65ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, deverá beneficiar a indústria brasileira.
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva celebra o pacto como um catalisador para diversificar as exportações, modernizar a indústria nacional e fortalecer a posição global do país.
Segundo o presidente, o consenso alcançado incorpora questões essenciais, como compromissos ambientais alinhados ao Acordo de Paris, e políticas que promoverão áreas estratégicas como saúde, agricultura familiar, ciência e tecnologia.
O acordo, que culmina 25 anos de negociações, estabelecerá uma das maiores áreas de integração econômica do mundo, abrangendo um mercado de mais de 750 milhões de pessoas, 17% da economia global e 30% das exportações globais de bens imobiliários.
Lula descreveu o acordo como um "marco nas relações bilaterais" entre os blocos, destacando o seu potencial para enriquecer a colaboração política e econômica.
O governo acredita que o acordo abrirá novas perspectivas para a modernização da indústria nacional, facilitando a integração nas cadeias de valor europeias. Entidades do setor também comemoraram o anúncio.
O vice-presidente Geraldo Alckmin, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, destacou em entrevista coletiva que o acordo bilateral é fruto do diálogo e de boas políticas. "Quero destacar a liderança do presidente Lula. Se não fosse ele, dificilmente esse acordo teria sido alcançado. E vale destacar o grande significado que tem em um mundo polarizado e fragmentado", disse.
"Estamos falando de mais de 27 países da União Europeia, alguns dos mais ricos do mundo. São muitas oportunidades e ganhos recíprocos. Pode ajudar a que o PIB do Brasil cresça mais, a que cresçam as exportações brasileiras, a que cresçam a renda e o emprego e a que a inflação baixe", acrescentou.
Segundo Alckmin, estudos mostram que as exportações para a União Europeia poderão crescer 6,7% na agricultura, 14,8% nos serviços e 26,6% na indústria de transformação.
Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o pacto reforça a competitividade global do Brasil ao ampliar o acesso preferencial aos mercados internacionais, passando de 8% para 37%.
"O acordo diversifica nossas exportações e amplia a base de parceiros comerciais. Também está alinhado a uma agenda de crescimento inclusivo e sustentável, essencial para garantir benefícios econômicos e sociais de longo prazo", afirmou Ricardo Alban, presidente da CNI.
A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) aplaudiu o anúncio, destacando que o pacto chega em um momento crítico para combater o protecionismo global. A Fiesp ressaltou que, além de promover o comércio, o acordo incentivará investimentos produtivos de longo prazo e consolidará as credenciais ambientais e de sustentabilidade do Brasil.
A União Europeia, que em 2023 registrou um fluxo comercial com o Brasil de aproximadamente US$ 92 bilhões, é o segundo maior parceiro comercial do país, atrás da China. O acordo promete fortalecer esta relação e impulsionar ainda mais os fluxos de investimento direto estrangeiro, dos quais a UE já representa quase metade do total no Brasil.
Apesar dos avanços celebrados nesta sexta-feira, o acordo ainda requer aprovação formal dos países envolvidos. Os textos deverão passar por revisão jurídica, ser traduzidos para os idiomas oficiais e, por fim, ratificados pelos parlamentos nacionais.
Após a assinatura, o tratado estará sujeito a procedimentos internos para aprovação. No caso do Brasil, será enviado ao Poder Legislativo. Uma vez ratificado, entrará em vigor, informou o governo brasileiro.